São Paulo, terça-feira, 6 de fevereiro de 1996
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Russo prevê banho de sangue com PC

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

Anatoli Tchubais, o último dos ultraliberais a se afastar do governo de Boris Ieltsin, pôs fogo ontem na campanha eleitoral russa, ao advertir para um "banho de sangue" se o Partido Comunista ganhar o pleito presidencial de junho.
"As políticas de Guennadi Ziuganov levarão inevitavelmente a um grande banho de sangue na Rússia", disparou Tchubais no Fórum Econômico Mundial, que se realiza em Davos (Suíça).
Tchubais, que foi responsável pela privatização, primeiro, e depois vice-premiê, até cair no mês passado, responsabilizou também os empresários ocidentais por esse eventual banho de sangue.
Ele acha que o empresariado que anualmente participa em massa do fórum deixou-se seduzir, este ano, por Ziuganov, até aqui primeiro colocado nas pesquisas para a eleição presidencial.
Pelo menos no que toca à sedução, Tchubais parece ter razão. Ziuganov foi a estrela do fórum este ano, participou de uma infinidade de encontros com empresários e lideranças políticas e até de uma espécie de debate de campanha eleitoral no domingo, ao lado de Grigori Iavlinski.
Iavlinski, outro liberal, é considerado o mais forte adversário de Ziuganov no pleito de junho, sem contar o próprio presidente Ielstin, do qual ambos são opositores.
Percy Barnevik, presidente da multinacional suíça Asea Brown Boveri, um dos dois mediadores do debate, não teve dúvidas em recomendar a seus pares que invistam já na Rússia.
"A Rússia dará dois passos para a frente, um para trás, confundirá entre um e outro, mas não retornará ao velho comunismo", disse.
Tchubais discorda totalmente. Diz que há dois Ziuganovs, "um para consumo interno e outro para uso externo".
O neocomunista que se apresenta como um moderado aos olhos do empresariado global não passa de "uma clássica mentira comunista", afirma Tchubais, armado de uma pilha de papéis que diz serem documentos do PC ou discursos de Ziuganov.
Tchubais transportou para Davos a campanha russa, no clássico estilo pré-fim da Guerra Fria, em que o PC era sempre a ameaça número 1 para o Ocidente.

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