São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996
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Dornelles perdeu o limite, diz Dorothea

VALDO CRUZ; LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ministra Dorothea Werneck (Indústria, Comércio e Turismo) atacou ontem o deputado Francisco Dornelles (PPB-RJ), que, segundo ela, estaria se articulando politicamente com o objetivo de substituí-la.
"Ele perdeu a noção das coisas. Um cara que está constantemente se lançando a ministro perdeu o limite", disse Dorothea em entrevista à Folha. Vista como possível alvo de uma reforma ministerial, a ministra decidiu sair da defensiva e contra-atacar. "Estava me cansando", afirmou.
Ex-ministro da Fazenda, Dornelles rebate, dizendo que nunca conversou com ninguém sobre ministério. "Eu nunca fui convidado, nunca pleiteei ministério."
O deputado diz que "a ministra deveria pedir ao Planalto uma nota dizendo que ela é imexível", usando o mesmo neologismo criado pelo ex-ministro Antônio Rogério Magri (Trabalho) quando circulavam boatos sobre sua saída do governo Collor.
Para Dorothea, Dornelles não tem o apoio do PPB. "É um problema pessoal dele. Já vi manifestação do presidente do partido (senador Esperidião Amin, de Santa Catarina) e de outros parlamentares do partido dele que vinham falar comigo constrangidos", disse.
Dornelles diz outra coisa. Afirma que já falou com a direção do seu partido e pediu para que eles indiquem outros nomes para um futuro ministério do PPB no governo FHC.
O deputado dá um conselho para Dorothea: "Ela é uma moça educada, competente, tem de ter calma. Parar e raciocinar. Se o Dornelles quer ser ministro, o melhor caminho seria colocar notas na imprensa?"
O próprio Dornelles responde: "É claro que não. Já assisti à montagem de muitos ministérios. A primeira lição de um ministeriável é fugir da imprensa".
A ministra afirma que está prestigiada pelo presidente FHC, apesar dos boatos de que seria substituída. "Hoje (ontem), tenho jantar no Alvorada com o presidente e um grupo de investidores japoneses. Eu estou tocando minha vida normalmente."
Dorothea disse que não entende por que o deputado estaria querendo substituí-la, já que sua pasta "é técnica, assim como a Fazenda e o Planejamento".
A ministra afirmou que a decisão sobre sua permanência no governo depende de FHC. "Meu plano pessoal não conta. Conta a posição do presidente."

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