São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996 |
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PT decide votar contra emenda do governo
DANIEL BRAMATTI
O partido se manteve inflexível na defesa da manutenção da aposentadoria por tempo de serviço, além de outros pontos que considera inegociáveis. A decisão agravou a crise entre o partido e a CUT, que teve parte de suas reivindicações contempladas no relatório e vem defendendo publicamente a negociação. "Achamos legítimo que a CUT negocie com o governo, mas o PT vai defender os interesses da maioria da população", disse o presidente do partido, José Dirceu, que participou da reunião da bancada. O deputado José Genoino (SP) ficou isolado ao defender o aval da bancada à negociação feita pelo presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho. "Não esperava ser o único a defender o acordo. O PT poderia votar a favor e apresentar destaques para melhorar o texto. A decisão tomada representa um desastre político", disse Genoino. Durante a reunião, até o deputado Eduardo Jorge (SP), especialista em questões previdenciárias e considerado "moderado" no partido, disse que Vicentinho foi "precipitado" ao negociar. Para o deputado, a melhor estratégia seria postergar as discussões e tirar proveito político da proximidade das eleições de outubro. Segundo a avaliação petista, o fator eleitoral poderia provocar o recuo dos governistas em temas considerados polêmicos. Os petistas decidiram rejeitar o relatório, conscientes de que a batalha já está perdida, ao menos na votação da Comissão Especial que analisa a reforma. "O governo tem maioria, mas vamos marcar posição. No plenário, a oposição pode virar o jogo", disse Paulo Paim (RS), um dos principais defensores do voto contra o relatório. Paim disse que a CUT pode ser "cobrada pela história" por ter avalizado a reforma proposta pelo governo. Disse que a história demonstrará que o PT assumiu a postura correta, mesmo se opondo à sua aliada no campo sindical. História A líder do PT, Sandra Starling (MG), tinha o mesmo discurso. "A história, num primeiro momento, pode provocar o desgaste de alguém, mas, com o tempo, acaba demonstrando quem estava correto", afirmou. "Esse negócio de agir esperando reconhecimento da história é que está levando a esquerda para o túmulo em todo o mundo", disse Genoino. A reunião da bancada foi realizada antes da leitura do relatório de Euler Ribeiro. "Discutimos em função do que sabemos extra-oficialmente. Se houver algum fato novo, podemos reavaliar a posição", afirmou Sandra Starling. Além da manutenção da aposentadoria por tempo de serviço, Sandra considerou essencial a instituição de um sistema único de previdência para servidores e trabalhadores da iniciativa privada. O PT tem três titulares na comissão: Eduardo Jorge (SP), Jair Meneguelli (SP) e José Augusto (SP), que vão fechar questão na votação do relatório e destaques. Texto Anterior: Empresários criticam reforma Próximo Texto: O QUE QUER O PT Índice |
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