São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996 |
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Empresários criticam reforma
ANTONIO CARLOS SEIDL
Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), diz que a reforma "possível" é muito "tímida". "A reforma perdeu uma oportunidade de criar uma fonte de recursos para investimentos produtivos no país, transformando o sistema previdenciário em instrumento de crescimento econômico", diz. Segundo Moreira Ferreira, a reforma que o empresariado queria tinha quatro pontos fundamentais: 1) separar os orçamentos da Previdência, assistência social e saúde; 2) restringir o sistema previdenciário aos planos de aposentadoria e pensão, garantindo uma renda mínima, com recursos orçamentários, para as categorias menos privilegiadas; 3) estabelecer um regime de capitalização por contribuições compulsórias, criando um mínimo de poupança interna como fonte de investimentos produtivos; 4) estabelecer contas individuais como forma de combater fraudes. Henrique de Campos Meirelles, presidente do Banco de Boston e da Câmara Americana de Comércio, diz que o acordo é um avanço, mas não resolve o problema. "Ele só vai ser resolvido com a privatização da Previdência, mantendo-se a cobertura governamental apenas para os salários abaixo de cinco salários mínimos." Mario Bernardini, vice-presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas), diz que o acordo não é uma reforma da Previdência. "É uma solução possível, segundo o governo. O problema é que, de solução possível em solução possível, o futuro do país fica menos possível." Bernardini diz que uma verdadeira reforma da Previdência adotaria como base do financiamento a capitalização, onde cada um que trabalha faz o seu pecúlio para a aposentadoria. Mario Amato, 77, presidente emérito da Fiesp, diz que o acordo, mesmo que parcial, é melhor do que nada. Amato diz que a reforma "possível" pelo menos deixa em aberto, para revisão daqui a cinco anos, a questão das aposentadorias especiais. Amato ressalta a importância da participação dos líderes sindicais Luiz Antônio de Medeiros, da Força Sindical, e Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, da CUT (Central Única dos Trabalhadores), no debate da reforma. "Esta é a maior vitória desse governo: mostrar que o mundo moderno é o mundo do diálogo, o mundo da parceria, não é mais o mundo da dialética, da ideologia." Amato evita, porém dar muita ênfase ou elogiar o papel de Vicentinho na busca de um consenso entre sindicalistas e o governo: "Não gosto de falar isso porque prejudica: vão dizer que o Vicentinho aderiu ao capitalismo". Texto Anterior: FHC dedica seu dia à articulação Próximo Texto: PT decide votar contra emenda do governo Índice |
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