São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996
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Genoino prevê desgaste eleitoral

DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado José Genoino (SP) foi o único integrante da bancada petista a defender o voto favorável ao texto do relator da Previdência, Euler Ribeiro (PMDB-AM).
Genoino integra a chamada "direita" no espectro ideológico do partido. Tem defendido, com frequência, que o PT amplie seu espaço de negociação com o governo federal.
Para ele, a decisão da bancada petista de rejeitar o acordo selado entre o braço sindical do partido -a CUT- e o Palácio do Planalto só serve para reforçar a imagem de "sectarismo" do PT.

Folha - Quem ganha e quem perde com a decisão do PT de votar contra o relatório resultante do acordo entre governos e centrais sindicais?
José Genoino - Quem perde é o PT, e quem ganha é a CUT e o governo. O governo fez concessões reais, assim como a CUT.
Abriu-se um processo de negociação civilizada, e o PT ficou de fora. Ao ficar de fora, perdeu a oportunidade de dar visibilidade às suas próprias propostas.
Folha - Como fica a relação do PT com a CUT agora?
Genoino - Esse episódio foi até positivo, porque cristalizou a idéia de que a CUT e o PT podem atuar em parceria, mas com autonomia.
O Vicentinho deu uma grande lição para as oposições, de como ocupar espaços e fazer política.
Folha - Que efeitos a posição do PT pode provocar nas eleições municipais de outubro?
Genoino - A postura do partido facilitará a tática do bloco governista de tentar nos isolar, reforçando nossa pecha de sectários e intransigentes.
Se o PT defendesse os pontos positivos do acordo, ficaria em melhores condições de disputar as eleições.
Folha - O PT não demorou a assumir o discurso radical, já que conhecia os termos em que a CUT estava negociando?
Genoino - Na questão da Previdência, nós perdemos o "timing", perdemos tempo.
Com as propostas que o deputado Eduardo Jorge (PT-SP) apresentou e, depois, com a emenda do partido, poderíamos ter assumido a dianteira do debate e negociado com o governo um acordo melhor do que o fechado com as centrais sindicais.

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