São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996
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CUT está ameaçada, diz Paim

DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Paulo Paim (PT-RS) é um dos críticos mais ferozes à postura da CUT na negociação com o governo.
Para ele, a central sindical pode ser "cobrada pela história" por avalizar a reforma da Previdência.
A atuação parlamentar de Paim tem se pautado essencialmente em temas relacionados com os problemas trabalhistas.
O deputado é ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas (RS) e ex-diretor da CUT. Não é ligado a qualquer corrente interna e integra o "centro" do espectro ideológico petista.

Folha - Quem ganha e quem perde com a decisão do PT?
Paulo Paim - Ganham os trabalhadores, os aposentados, os servidores. Ganha o partido, que demonstra à sociedade que não está dividido.
A decisão também é um sinal para a CUT de que ela deve ter cuidado para não ser cobrada pela história, por ter avalizado uma reforma que só retira direitos.
Folha - Como fica a relação do PT com a CUT agora?
Paim - Esse episódio serviu para mostrar que a CUT não é correia de transmissão do partido, ou vice-versa. Os fatos vão mostrar quem estava certo. Mas creio que os dois voltarão a andar juntos.
Folha - Que efeitos a posição do PT pode provocar nas eleições municipais?
Paim - A decisão trará resultados positivos em todos os sentidos. Não acredito em democracia sem oposição clara, firme e responsável.
O partido jamais poderia ter participado de uma farsa que, no fundo, aponta para a privatização da Previdência. Com isso, o PT não vai compactuar.
Folha - O PT não demorou a assumir o discurso radical, já que conhecia os termos em que a CUT estava negociando?
Paim - De maneira nenhuma. O PT teve postura firme desde o início. Vínhamos discutindo esse assunto há mais de um ano.
Desde então, estamos questionando essa reforma. O partido não aceitou e não aceita capitular ante uma proposta que considera perversa. Na comissão, o governo deve ganhar, mas ainda estamos no primeiro tempo.
No segundo tempo, em plenário, a sociedade terá condições de dar uma demonstração de força, virando o jogo.
(DB)

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