São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996
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Brasil vai produzir vacina contra hepatite B

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil já tem sua própria vacina contra a hepatite B. O resultado da segunda dose aplicada num pequeno grupo de pessoas provou que o produto cria anticorpos no organismo.
"Significa que nossa vacina é capaz de proteger as pessoas", anunciou na segunda-feira Edmundo Juarez, presidente da Fundação Nacional de Saúde. "É uma grande notícia para o país."
A terceira e última dose, a ser aplicada numa grande população, definirá os detalhes da aplicação.
A vacina foi desenvolvida pelo Instituto Butantan, com apoio do Programa de Auto-suficiência da Fundação Nacional de Saúde, e vem sendo aplicada pelo Serviço Especial de Saúde da USP em Araraquara (SP).
Os testes de sangue estão sendo feitos pela Fundação Pró-Sangue Hemocentro, de São Paulo. Até julho, um laboratório no Butantan produzirá 5 milhões de doses/ano.
"Em menos de três anos o país será auto-suficiente nesse tipo de vacina", afirma Juarez.
Um projeto de vacinação em massa prevê o uso de 100 milhões de doses. Devem ser vacinados todos os recém-nascidos e pessoas entre 10 e 20 anos de idade.
"A segunda dose da vacina é a mais importante", diz Dalton Chamone, coordenador do Programa de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde e diretor-presidente da Fundação Pró-Sangue.
Isaias Raw, diretor do Instituto Butantan, disse que a terceira dose é só uma formalidade exigida pela Organização Mundial da Saúde.
A hepatite B -tipo de inflamação no fígado causada por vírus ou agentes tóxicos- atinge mais de 750 mil pessoas no país. Na Amazônia, a contaminação chega a atingir 30% das pessoas.
Desde 1993, quando o Ministério da Saúde passou a exigir maior rigor dos bancos de sangue, novas áreas endêmicas de hepatite B foram localizadas.
Em Chapecó (SC), Francisco Beltrão (PR) e algumas regiões do Espírito Santo, 9% dos doadores de sangue tinham a hepatite B.
Só a Fundação Pró-Sangue de São Paulo descarta o sangue de 2.430 doadores por mês -cerca de 13%-, que tiveram algum tipo de contato com o vírus.
Segundo os médicos, 90% dos infectados acabam se curando. Os outros 10% desenvolvem doenças como cirrose e câncer. O tratamento de cada paciente custa ao Estado mais de US$ 800 por mês.
A cirrose hepática, provocada pelo vírus ou pelo alcoolismo, é a 9ª causa de morte no país.

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