São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996
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BC volta a comprar dólares e Bolsa sobe

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A enxurrada de dólares continua. Obrigou ontem o BC (Banco Central) a realizar dois leilões de compra de dólares (um no câmbio comercial e outro no flutuante).
Até as 18h15, os computadores dos bancos registravam o ingresso de mais US$ 267 milhões -ou seja, em quatro dias, o Brasil recebeu mais de US$ 1,1 bilhão.
É como uma profecia que se auto-realiza. O mercado aposta que o BC terá de adotar novas barreiras para limitar o ingresso. O mercado reage (trazendo os dólares antes). Assim, o fluxo cresce e obriga o BC a adotar as tais barreiras.
Circula desde a criação de compulsórios até o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeira). Seria mais fácil e melhor baixar os juros.
O dinheiro chega ao Brasil, entre outras razões, por conta do juro ainda cavalar praticado pelo BC. Uma taxa efetiva de 1,8% ao mês, calculam analistas, não provocaria aumento da demanda, mas já baixaria o fluxo de capitais.
Mas o mesmo mercado que vê na entrada grande de dólares um problema para a política monetária comentava ontem que, hoje, o BC venderia títulos por uma semana.
Seriam dois os objetivos do governo: 1) controlar a liquidez excessiva (que, como a gravidade, puxa o juro para baixo); e 2) sustentar taxas de juros mais elevadas na segunda quinzena do mês (ficariam no "teto" da banda de juros; hoje estão no "piso").
Trata-se de uma inconsistência. De toda forma, o BC a alimenta.
Afinal, essa política de juros cavalares e de um câmbio acompanhando todo mês o índice de preços industriais no atacado está sendo praticada faz tempo.
O câmbio regrado tranquiliza o investidor, enquanto o juro cavalar promete um ganho idem.
A diferença é que, agora, o Brasil ficou mais atraente ao estrangeiro (menos arriscado). Mais. Teve a sorte de ficar mais atraente em um momento de queda das taxas nos EUA ou na Europa.
Não precisa mais pagar um juro marciano. É a bola da vez (como já foram México e Argentina) e o caminhão de dólares é maior.
Ontem, nas Bolsas, que já operam em ritmo de vencimento das opções e índices, os estrangeiros voltaram a dar as caras.
Com um volume de R$ 305,252 milhões, a Bolsa paulista fechou com alta de 0,39%.

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