São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Roterdã termina com recorde de público

LEON CAKOFF
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE ROTERDÃ

O 25º Festival Internacional do Filme de Roterdã, na Holanda, terminou no último domingo com recorde de público -mais de 200 mil espectadores- e novamente coerente no seu favorecimento da cinematografia asiática.
Dividido em três prêmios iguais, os "Tiger Awards" do festival foram distribuídos para novos realizadores vindos da China ("Sons", de Zhang Yuan), do Japão ("Like Grains of Sand", de Hashiguchi Ryosuke) e da Escócia ("Small Faces", de Gillies MacKinnon).
A melhor colocação na premiação do público entre os filmes do Brasil -que teve oito longas e quatro curtas na seleção de Roterdã- foi a classificação em sexto lugar de "Terra Estrangeira", dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas.
O vencedor do prêmio do público foi o estreante australiano Michael Rymer, com o filme "Angel Baby".
Zhang Yuan, de "Beijing Bastards", um maldito do sistema chinês, ironiza o comunismo com o título do seu novo filme: "Filhos São a Única Coisa que Todos Nós Podemos Ser na China". É desse parentesco que "Sons" deriva para um tenso docudrama sobre o alcoolismo, o desemprego e a vida real de uma família nos subúrbios de Pequim.
Zhang Yuan é apadrinhado pelo Festival de Roterdã e seu novo filme foi basicamente financiado pela fundação holandesa que leva o nome de Hubert Bals, fundador do festival morto em 1988.
Hashiguchi Ryosuke, 33, diretor de "Like Grains of Sand", se considera integrante da primeira geração de novos diretores japoneses a conseguir romper o conservadorismo das produções no seu país.
"Se era difícil fazer um cinema com independência no Japão, era muito mais difícil em casos como o meu, onde assumo um cinema francamente homossexual e crítico", disse Ryosuke.
Como em muitos filmes japoneses contemporâneos, Ryosuke investiga os sentimentos de adolescentes e seus conflitos sexuais.
"Small Faces", como o filme japonês, usa a adolescência para revelar guerras de gangues nos subúrbios operários de Glasgow. Dos três premiados, é o que mais se preocupa em oferecer visões espetaculares com o problema inevitável que é o de fazer espetáculo com a própria violência.
Ainda assim é um filme sensível e tocante, como uma obra autobiográfica sobre as tristes origens do próprio cineasta estreante.

Texto Anterior: CLIPE
Próximo Texto: Debate sobre maconha chega atrasado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.