São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996
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ONU 'alivia' EUA para sanar finanças

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Admitindo que a organização está "à beira da insolvência", o secretário-geral das Nações Unidas, Boutros Boutros-Ghali, propôs ontem que os EUA reduzam a sua parcela de contribuição financeira ao órgão, em uma tentativa de solucionar a crise.
Os EUA são os responsáveis por metade das dívidas de US$ 2,3 bilhões. Deveriam contribuir com 25% do orçamento da ONU. Pela proposta de Boutros-Ghali, pagariam apenas de 15% a 20%.
A conta ficaria para os outros países. Boutros-Ghali não citou nominalmente os EUA, mas em um discurso no comitê de finanças disse que "uma contribuição de 15% a 20% refletiria melhor o fato de que a organização é um instrumento de todas as nações".
O secretário-geral tenta, assim, tornar política uma questão econômica. A estratégia favorece a aprovação da nova distribuição do orçamento, uma vez que ela precisa ser aprovada na Assembléia Geral.
A Assembléia reúne todos os países filiados à ONU e nela todos têm o mesmo peso, independente de importância política e econômica. Boutros-Ghali propôs a realização de uma sessão especial da Assembléia para tratar o tema.
Os países que hoje contribuem com muito dinheiro já protestaram. A União Européia e o Japão (35%, somados) protestam contra o fato de pagarem a diferença.
Os EUA admitem que, se não pagarem sua dívida, a ONU vai quebrar totalmente até o fim do ano. Por isso, o subsecretário de Estado para a Administração dos EUA, Joseph Connor, sugere à ONU que corte pelo menos 10% dos 10 mil funcionários da sede, como forma de reduzir despesas.
O egípcio Boutros-Ghali evitou comentar a impopular decisão, mas disse que atual crise só pode ser contornada com "a combinação de redução de folha de pagamento e de outros custos".
A maioria dos "outros custos" são missões de paz que a ONU mantém em áreas de conflito.
"A crise é minha principal prioridade, e farei todo o possível para evitar um colapso financeiro", disse Boutros-Ghali.
A repercussão às medidas foi tão rápida que, após o discurso, as linhas telefônicas entre Genebra (sede européia da ONU) e Nova York (sede principal da entidade) ficaram congestionadas -na maioria por funcionários assustados com o risco de desemprego.

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