São Paulo, quinta-feira, 8 de fevereiro de 1996
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Vicentinho e relator trocam acusações

JUCA VARELLA; SHIRLEY EMERICK; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, e o relator da emenda da Previdência, deputado Euler Ribeiro (PMDB-AM), se envolveram em um bate-boca ontem.
Eles se encontraram às 7h30 nos estúdios da TV Brasília em um debate sobre a reforma da Previdência. Ribeiro não sabia que Vicentinho iria participar da discussão.
Quando o parlamentar chegou, Vicentinho criticou seu relatório. "Isso é uma palhaçada", disse.
Assustado com a reação do sindicalista, o relator, apontando o dedo para o presidente da CUT, retrucou: "Não me chame de palhaço, me respeite".
Vicentinho explicou que o texto da proposta não era o acertado na reunião de anteontem. "Não te chamei de palhaço, deputado. É que o que acertamos ontem (terça-feira) não está no relatório."
Sem o seu texto à mão, Ribeiro tentou mostrar que as reivindicações da CUT foram contempladas. Lamentou a falta do relatório para comprovar o que estava falando.
Ao sair dos estúdios, Vicentinho ainda tentou convencê-lo de que o texto estava errado. "Inclusive tem gente no governo que me falou que o relatório não é o que foi acertado ontem (terça-feira)."
Irritado com a insistência, Ribeiro quis saber quem do governo discordava da proposta. Soube então que o líder do governo na Câmara, deputado Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), apoiava a central.
"Pois então eu vou sair daqui e vou conversar com ele", disse o relator, encerrando a discussão.
Ao chegar ao Congresso, Ribeiro continuou com os ataques. "Ele (Vicentinho) está mentindo", disse. O deputado afirmava que não iria mais alterar o seu substitutivo (proposta que alterou e substituiu a original do governo).
"Se eu coloquei na Constituição, só papai do céu vai tirar", afirmou Ribeiro sobre sua proposta de aposentadoria para os servidores públicos.
Depois do programa, Vicentinho foi para um consultório odontológico para tentar acabar com uma dor de dente que começou na noite de terça-feira. Passou lá 20 minutos e saiu um pouco mais aliviado, ainda com anestesia. "Foram os dois momentos mais difíceis da minha vida: ontem (terça) na reunião com o relator e hoje (ontem) na cadeira da dentista."

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