São Paulo, quinta-feira, 8 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fiesp reivindica incentivos para toda a indústria

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fiesp quer que o governo adote em todos os setores industriais incentivos semelhantes ao programa especial para o setor automotivo.
"O governo deve dar tratamento isonômico a todos os setores", diz Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Entendo que a prioridade concedida ao segmento automotivo deve ser estendida a outros segmentos em dificuldades, visando também torná-los competitivos", diz Moreira Ferreira.
Dirigentes das indústrias têxtil, de brinquedos e de calçados dizem em uma só voz que o governo tem olhos apenas em uma direção: o setor automotivo.
Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq (Associação Brasileira da Indústria de Brinquedos) diz que o governo aparentemente considera que o impacto negativo das importações só afeta o setor automotivo.
"Respeito o forte lobby da indústria automobilística, mas não entendo por que o governo não toma medidas de defesa comercial no setor de brinquedos", afirma Costa.
Fábricas fechadas
O presidente da Abrinq diz que 70 fábricas de brinquedos fecharam no mês passado pela falta de vendas. "O contrabando tem estoques até abril e os importadores legais até maio."
Segundo o dirigente da indústria de brinquedos, dois fatores provocam a crise no setor: as importações baratas vindas da China e o "custo Brasil".
A indústria de brinquedos, diz, espera há um ano a resposta do governo a seu pedido de salvaguardas contra a entrada de importações da China.
"A União Européia impôs barreiras à entrada de brinquedos chineses, na forma de uma alíquota de importação de 50%. Só no Brasil não se faz nada", afirma Batista da Costa.
Importação predatória
Luiz Américo Medeiros, presidente do Sinditêxtil (Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado de São Paulo) diz que gostaria de ter a mesma atenção dispensada pelo governo ao setor automotivo, mas reconhece ser forte a influência do setor automotivo na economia.
"Ele gera um volume elevado de impostos e de empregos em toda a cadeia produtiva. Além disso, o brasileiro pode estar morrendo de fome, mas compra um carro".
Medeiros diz que o setor têxtil está sendo prejudicado pelas importações "predatórias" da China e da Coréia.
Depois de dizer que não é contra as importações, Medeiros afirma que o setor têxtil pede ao governo a fixação de limites para as importações de tecidos, fios e confecções têxteis.
Ao mesmo tempo, diz, negocia com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) um programa específico para o desenvolvimento do setor.
A idéia é a obtenção de uma linha de financiamento para modernização da indústria têxtil, com juros reduzidos para a compra de máquinas e equipamentos.
Calçados
Paulo Henrique Cintra, presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (SP), diz que, em comparação com o setor automotivo, a indústria de calçados está "esquecida".
Ele diz que, devido à valorização do real frente ao dólar e ao "custo Brasil", as exportações de calçados caíram de US$ 2 bilhões em 1993 para US$ 1,4 bilhão no ano passado.
O setor, segundo estudo da Abicalçados (Associação Brasileira da Indústria de Calçados), deveria estar exportando este ano US$ 3 bilhões. Mas, ao contrário, projeta uma nova queda, desta vez de 20%, no valor das exportações em relação a 1995.

Texto Anterior: Empresa destrói Ray-Bans falsos
Próximo Texto: GM investirá US$ 2,6 bilhões
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.