São Paulo, sexta-feira, 9 de fevereiro de 1996
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Medeiros vai a FHC reclamar da CUT

AUGUSTO GAZIR; SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de passar a última semana afastado das negociações da reforma da Previdência, o presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros, voltou à cena ontem em Brasília, criticando às reivindicações da CUT sobre a aposentadoria dos servidores públicos.
Medeiros pediu audiência com o presidente Fernando Henrique Cardoso e se reuniu com ministros e líderes na Câmara.
Ele disse que a Força Sindical não fecha com o acordo se o governo prorrogar por mais dois anos a aposentadoria proporcional dos funcionários públicos, como quer a CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Segundo ele, essa proposta é "imoral". "Isso não é reforma, é manutenção dos privilégios", afirmou ele. "Falo também dos políticos, dos desembargadores, dos juízes, de todos que se aposentam com o salário da ativa."
Medeiros disse que o governo tem recuado o "tempo todinho". "Recuar significa ceder nos privilégios que a CUT defende", disse ele, antes de se reunir com FHC.
Ao sair da audiência, o sindicalista disse que o presidente concordou com ele e que "lamentou" que os líderes governistas estejam cedendo a esses privilégios.
Segundo do porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, o presidente concordou com Medeiros sobre o fim dos privilégios, sem que isso seja uma crítica às lideranças do governo.
Amaral disse que FHC não citou nenhum privilégio específico.
A Folha apurou que Medeiros pediu a FHC que o presidente diga, nas conversas com Vicentinho, que o sindicalista não tem mais como romper o acordo.
Câmara
Pela manhã, antes do encontro com o presidente, Medeiros se reuniu com os ministros Paulo Paiva (Trabalho) e Reinhold Stephanes (Previdência), o líder do governo, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), o relator Euler Ribeiro (PMDB-AM) e os líderes do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), do PMDB, Michel Temer (SP) e do PSDB, José Aníbal (SP).
Segundo um dos participantes, Inocêncio disse que o encontro era para diminuir os ciúmes de Medeiros em relação à CUT.
Não se negociou pontos do acordo da Previdência. A Folha apurou que Medeiros disse no encontro que, se houvesse algum privilégio para os servidores, iria se aliar até com "Satanás" contra o acordo.
(Augusto Gazir e Shirley Emerick)

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