São Paulo, sexta-feira, 9 de fevereiro de 1996
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Raytheon quer controlar Sivam, diz militar

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O coordenador da comissão de implantação do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), brigadeiro Marco Antônio Oliveira, disse que há "queda-de-braço fortíssima" com a empresa norte-americana Raytheon pelo controle do gerenciamento do projeto.
A afirmação foi feita no Fórum Nacional de Secretários de Ciência e Tecnologia, marcado pelos acenos mútuos de "reconciliação" feitos pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e os militares do Sivam.
Oliveira afirmou que a Raytheon "queria fazer integração" do projeto, ou seja, serviços de gerenciamento que implicam manejo de informações consideradas de segurança nacional. Pela proposta da empresa, o trabalho seria feito pela E-Systems.
A E-Systems, comprada pela Raytheon em maio do ano passado, é uma empresa especializada em trabalhar para agências de espionagem norte-americanas, entre elas a CIA.
Oliveira disse que o governo não irá ceder. Segundo ele, a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) ficará com os serviços de integração, alvos da Raytheon.
O projeto prevê que todos os serviços de "integração" sejam feitos no Brasil. O Ministério da Aeronáutica assumiu essa tarefa depois que a empresa nacional Esca foi afastada do projeto por fraudar a Previdência.
Oliveira disse também que instituições financeiras estrangeiras têm demonstrado interesse em emprestar mais dinheiro para que o governo implante o Sivam, orçado em US$ 1,4 bilhão. Entre essas instituições, estariam um banco japonês e o Eximbank, dos EUA, maior credor do Brasil no projeto.
A dívida do Sivam será paga em 18 anos, chegando a US$ 2,8 bilhões. A administração FHC irá arcar com a menor parcela da dívida (US$ 173 milhões, ou 6,1%).
O brigadeiro disse que o projeto "irá precisar da SBPC". Foi imediata a resposta do presidente da entidade, Sérgio Henrique Ferreira: "Existe um cenário para a gente poder trabalhar."
A entidade vinha combatendo o Sivam e chegou a fazer um orçamento paralelo para o projeto 33% mais barato que o do governo. A Aeronáutica afirmou que a entidade estava defendendo interesse de empresas que perderam a "concorrência informal" do Sivam.
Os secretários estaduais de Ciência e Tecnologia redigiram carta de apoio ao Sivam.

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