São Paulo, sexta-feira, 9 de fevereiro de 1996
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Me engana que eu gosto

JUCA KFOURI

O caderno Esporte da nossa Folha da última terça-feira é exemplar três vezes.
É exemplar a primeira vez na entrevista que Eduardo Farah concedeu ao repórter João Carlos Assumpção.
Ao ser perguntado sobre a presença de público no Campeonato Paulista, Farah responde que "o aumento era esperado" e justifica: "O regulamento do Paulista deste ano é interessante. Toda partida é importante. Não existem jogos para enganar o torcedor".
Não é edificante? Quer dizer então que, enfim, ele concorda que os regulamentos que tanto defendia eram desinteressantes? Ótimo, antes tarde do que nunca. Mais: antes existiam jogos para enganar o torcedor???!!! O que a delegacia de proteção ao consumidor achará disso?
Porque nós sempre soubemos. A surpresa está em saber agora que Farah também sabia. Que nome tem isso? Cinismo? Estelionato? Qual?
Registre-se ainda que, ao lado da entrevista, a Folha publica um quadro com os números sobre a presença de público neste ano e nos dois anteriores nas três primeiras rodadas.
Neste ano tivemos 6.390 torcedores, em média, de fato mais que os 6.026 do Paulista do ano passado. Só que, em 1994, a presença média foi de 7.063, maior que agora, portanto.
O que provam esses dados? Que o torcedor, em 1994, gostava de ser enganado? Não.
As três médias, ridículas sob qualquer ponto de vista minimamente profissional, revelam que o mercado não quer mais saber dos campeonatos estaduais.
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O segundo momento exemplar do caderno Esporte está na coluna de Matinas Suzuki Jr., constrangidamente cheia de elogios a um aspecto que, sem dúvida, merecia ser elogiado: o fim da confusão dos uniformes.
Foi o bastante para o Guarani de Farah não obedecer o regulamento e jogar com calções brancos, da mesma cor que os do São Paulo, logo na noite da própria terça-feira em que a coluna saiu -coisa que, por sinal, o próprio Matinas tratou de criticar ontem. Não é uma delícia?
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Finalmente, o repórter Mário Magalhães mostrou o erro digno de futebol de várzea cometido pela CBF na confusão sobre o caráter do Torneio Pré-Olímpico, que, evidentemente, só podia mesmo ser considerado oficial pela Fifa.
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Nem Lee Oswald, em Dallas, marcaria o pênalti de Kennedy.

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