São Paulo, sexta-feira, 9 de fevereiro de 1996
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Biblioteca de NY seleciona os livros do século

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

O que poderia haver em comum entre "Em Busca do Tempo Perdido", de Marcel Proust, um guia de endereços da Internet e a "Teoria da Relatividade", de Albert Einstein?
Além de papel, o que une essas três obras é o fato de pertencerem à lista dos 150 trabalhos mais importantes do século 20, segundo a lista elaborada pela Biblioteca Pública de Nova York, a maior da cidade e um de seus grandes centros de cultura e lazer.
Para comemorar o centenário de sua fundação, a biblioteca -por meio de uma curadoria feita por seus diretores e bibliotecários- elegeu uma lista sobre o que de mais importante ocorreu na história da literatura entre 1895 e 1995.
Os livros foram selecionados segundo alguns critérios elaborados pelos próprios curadores. Cada obra deveria fazer parte do acervo -de milhões de livros- da própria biblioteca e deveria ainda ser indicado pelos especialistas de cada área, que escolheriam entre 11 categorias (veja quadro ao lado).
Em entrevista à Folha por telefone, Diane Johnson, uma das curadoras do projeto, disse que não havia qualquer intenção de estabelecer um "cânone" das melhores obras do século. "Não há qualquer relação entre a lista elaborada pela biblioteca e o trabalho do professor Harold Bloom (que lançou em 1994 "O Cânone Ocidental"), porque não estávamos interessados apenas na qualidade da obra literária, mas também em sua representatividade, negativa ou positiva, em cem anos", disse Johnson.
Imaginando qual a importância social ou cultural de um livro, os votos acabaram fornecendo um curioso ineditismo em seu resultado.
Enquanto a maioria das listas do gênero tenta evitar a gafe de esquecer um grande nome, a da Biblioteca Pública prefere o risco de não mencionar em sua lista um escritor como William Faulkner e colocar, em seu lugar, um clássico infantil: "O Mágico de Oz".
O fato de Faulkner ter sido determinante para a literatura não só de seu país, mas de todas as Américas, passa a ser secundário. O fato concreto é que milhares de pessoas aprenderam a ler com livros como "Oz" ou "Peter Pan", este também na lista.
Muitas vezes não é apenas a inclusão, ou a ausência, que espanta nos "150 Livros do Século", mas suas próprias categorias.
No item Cultura Popular e Divertimento de Massa, o romancista americano Henry James divide espaço com "Carrie, A Estranha", de Stephen King. Sobre a América do Sul, as escolhas são óbvias: Jorge Luis Borges e Gabriel García Márquez. E nenhum autor em língua portuguesa.

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