São Paulo, sexta-feira, 9 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Índice

Sérvios suspendem contatos com a Otan

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os sérvios da Bósnia suspenderam ontem os contatos que mantinham com as tropas da Otan.
Logo depois, eles ameaçaram prender muçulmanos e croatas que passem por território sérvio, contrariando o acordo de paz.
Foi o terceiro dia de uma política de endurecimento nas relações: os sérvios já haviam suspendido as negociações com o governo majoritariamente muçulmano.
O motivo foi o mesmo -os sérvios querem a libertação de 11 militares detidos pelo governo sob suspeita de crimes de guerra. Os sérvios falam em oito presos.
Ontem, a TV sérvia avisava para que os sérvios da Bósnia não entrassem em território controlado pelos muçulmanos.
As negociações suspensas dizem respeito a pontos do acordo de paz de Dayton (EUA) ainda não postos em prática, como a libertação total de prisioneiros de guerra e a entrega de bairros de Sarajevo em poder dos sérvios.
A Rússia, aliada dos sérvios, pediu a libertação do general Djordje Djukic, um dos detidos.
A decisão do afastamento em relação à Otan foi tomada pelo comandante militar dos sérvios, general Ratko Mladic. Pelo acordo de paz, ele e o líder dos rebeldes, Radovan Karadzic, seriam banidos do governo da Bósnia.
Uma demora nas negociações pode representar alguns dias de sobrevivência política para eles.
Em Mostar, o outro ponto mais tenso das negociações da Bósnia, a União Européia exigiu ontem que seu pessoal na cidade tenha mais condições de segurança.
A cidade é dividida entre croatas e muçulmanos. As duas etnias, aliadas durante a guerra de quase quatro anos contra os sérvios da Bósnia, têm profundas diferenças, que se acirram na cidade.
Por esse motivo, a União Européia assumiu diretamente a administração de Mostar. Os croatas protestam contra os planos de reunificar a cidade.
A chanceler italiana, Susanna Agnelli, foi para Zagreb, a capital da Croácia, pressionar (em nome da União Européia, atualmente presidida pela Itália) o presidente Franjo Tudjman.
A Croácia dá apoio aos croatas da Bósnia e pode influenciar o grupo a aceitar a UE.
O encontro entre Agnelli e Tudjman foi acertado após ataque por croatas da Bósnia, na quarta-feira, ao carro do administrador da União Européia em Mostar, o alemão Hans Koschnick.
Na fronteira entre a Bósnia e a Croácia, na cidade de Trebinje, um pára-quedista francês da Otan foi ferido por uma mina. Ele teve o pé esquerdo amputado.
O príncipe Charles, herdeiro do trono britânico, iniciou ontem visita à Croácia e à Bósnia.

Texto Anterior: Empresa diz que checagem no Brasil é mais severa
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.