São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 1996 |
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Renúncia favoreceu manobra
GABRIELA WOLTHERS
Segundo a Folha apurou, há pelo menos uma semana Luís Eduardo cogitava extinguir a comissão. O presidente da Câmara advertiu Ribeiro e Soares de que poderia tomar a decisão caso a emenda não fosse votada rapidamente. Ele hesitava porque temia dar de graça à oposição o argumento de vítima do rolo compressor do governo. Esse discurso poderia, segundo os governistas, inflar o corporativismo dos deputados e aumentar a "animosidade" contra a reforma. Apesar de ter sido pego de surpresa, a renúncia de Soares acabou se tornando o "fato novo" que o presidente da Câmara precisava. A gota d'água para deflagrar a operação "abafa comissão" foi a tentativa de obstrução da oposição, que exigiu a eleição de um novo presidente após a renúncia. Alegando que era necessário "restabelecer a autoridade da Casa", Luís Eduardo agiu. A autoridade, nesse caso, era a dos próprios líderes governistas, que estavam sem controle da situação. Agora, com o poder total de mando no plenário, Luís Eduardo afirma a aliados que fará de tudo para evitar obstruções. Um dia após o turbilhão, os líderes governistas chegaram à conclusão de que a renúncia de Soares foi um acidente benéfico. O governo conseguiu, em primeiro lugar, eliminar uma etapa do processo. Agora a emenda terá de passar por duas votações na Câmara em vez de três. Isso não significa que os governistas considerem que não enfrentarão resistências no plenário. "As dificuldades de hoje do plenário seriam as mesmas que iríamos enfrentar no futuro, de qualquer jeito", disse o líder do governo, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP). Texto Anterior: OBSTÁCULOS À APROVAÇÃO Próximo Texto: Euler defende aposentadoria dos parlamentares Índice |
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