São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 1996 |
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Reforma é 'vôo cego', diz Soares
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE O deputado Jair Soares (sem partido-RS) disse ontem que o governo não dispõe de dados e estatísticas "essenciais" a uma reforma da Previdência.Segundo o ex-presidente da comissão especial da reforma previdenciária, a atual tentativa de reforma é um "vôo cego", um "crime que se está cometendo". Soares disse que "tudo carece de dados autuariais, estudos demográficos e cálculos matemáticos". Conforme o deputado, o governo quer fazer a reforma "sem nenhum embasamento". Em entrevista à TV Pampa, de Porto Alegre, ele disse que o líder do PFL, Inocêncio de Oliveira (PE), quis responsabilizá-lo pela não-votação da reforma na última quinta-feira. Segundo Soares, Inocêncio se dirigiu a ele "de dedo em riste, olhos arregalados, quase babando", porque queria "atropelar o regimento" e colocar a reforma em votação. O deputado disse que decidiu renunciar à presidência porque tem a "coluna vertebral hipercalcificada" e não é "capacho". Soares afirmou ter visto, enquanto ocupou o cargo, pressões inaceitáveis, a seu ver, contra o relator Euler Ribeiro (PMDB-AM). "Ninguém teve a petulância de me pressionar. Mas eu vi coisas que se tivessem acontecido comigo eu virava a mesa", declarou. Disse que a reforma não foi bem encaminhada desde o início pela "inabilidade do governo, que não soube tratar de uma matéria que mexe com o passado, com o presente e com o futuro das pessoas". Apontado como candidato potencial do PFL a prefeito de Porto Alegre, Soares não poderá concorrer se formalizar sua desfiliação do partido, conforme anunciou anteontem. "Sem partido ninguém pode concorrer, o que mostra que meu gesto é desprendido." Texto Anterior: IPC vai sobreviver à reforma Próximo Texto: Votação em plenário pode levar até duas semanas Índice |
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