São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 1996
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SP ganha festival de filmes judaicos

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O Teatro Arthur Rubinstein do clube A Hebraica acaba de definir a programação do 1º Festival de Cinema Judaico, que realiza entre 14 e 17 de março. Serão cinco curtas e sete longas, combinando títulos clássicos e contemporâneos e abrangendo setenta anos de produção ligada à cultura judaica.
É mais um passo dentro do processo de pluralização e segmentação dos eventos cinematográficos da cidade. Quatro mostras de prestígio semelhantes acontecem anualmente em Nova York, San Francisco, Londres e Tel Aviv.
"Queremos incrementar nas próximas edições o intercâmbio com estes eventos", afirma a diretora do festival, Daniela Wasserstein, que para esta edição inaugural encontrou apoio junto ao Jewish Film Festival de San Francisco. O festival restringe-se a uma sala neste ano, mas pretende ampliar seu circuito em 1997.
Dois marcos do cinema iídiche serão as grandes atrações. Programado para as 20h do dia 15, "Sorte Judaica" (1925) é uma comédia chapliniana dirigida na Ucrânia soviética por Alexander Granovsky a partir da novela "Cartas de Menakhem Mendl", de Sholom Aleichem. Um gigante literário, Isaac Babel ("Cavalaria Vermelha"), assina os intertítulos.
Solomon Mikhoels, um dos astros do teatro iídiche na Rússia do entreguerras, interpreta um pobre coitado que tenta de tudo para enriquecer. Uma das cenas principais, em que sonha com uma mulher que caminha pelas escadarias de Odessa, teria influenciado Sergei Eisenstein na concepção da mais célebre sequência de "O Encouraçado Potemkin". A ponte entre os dois filmes é o diretor de fotografia Edward Tissé.
Eisentein é ainda a grande atração de outro tesouro de cinemateca do festival. No documentário curto "Um Apelo aos Judeus do Mundo" (dia 16, 20h), o diretor alerta o mundo para o perigo nazista.
Por sua vez, "Yiddle e Seu Violino" (1936) é tido como o mais popular musical da história do cinema iídiche. A direção é assinada pelo polonês de breve carreira Jan Nowina-Przybylsky e por Joseph Green, um dos introdutores do filme iídiche nos EUA.
A trama parece um misto de "Yentl" e "Um Violinista no Telhado": uma jovem disfarça-se de rapaz para ingressar num universo estritamente masculino, no caso um quarteto musical itinerante. A projeção será às 18h do dia 17.
A seleção inclui ainda "David", que deu a Peter Lilienthal o Urso de Ouro de Berlim em 1979, os documentários "Balagan" de Andres Veiel, sobre um grupo teatral judaico-palestino, e "Arquitetura da Destruição", de Peter Cohen, sobre a estética nazista, e o clássico tcheco "A Pequena Loja da Rua Principal" (1965), de Jan Kadar e Elmar Klos.
Duas produções nacionais marcam presença. O longa "O Judeu", de Jom Tob Azulay, vencedor do último festival de Brasília, abre o evento às 20h30 do dia 14.
Ainda inédito, o filme acompanha o drama do poeta e dramaturgo Antonio José da Silva, perseguido pela Inquisição em Portugal.
Duas anedotas judaicas passadas no sul do país compõem o curta "Mazel Tov", de Jaime Lerner e Flávia Seligman (dia 16, 20h).
Os ingressos já estão a venda no Teatro Arthur Rubinstein (r. Hungria, 1.000, tel. 011/816-6463).

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