São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 1996
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FHC quer reeleição decidida até julho

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso orientou a cúpula do PSDB a negociar no Congresso a votação em primeiro turno de emenda constitucional da reeleição presidencial até julho.
FHC acha difícil conseguir aprovar a reeleição após as eleições municipais, em outubro.
O presidente considera que, se não conseguir aprovar a emenda até essa data, não terá chances a partir do próximo ano. Na avaliação do Planalto, em 1997, começa a corrida nos partidos dos eventuais candidatos à sucessão de Fernando Henrique Cardoso.
O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, e os líderes do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE), e na Câmara, José Aníbal (SP), estão encarregados de colocar a reeleição na pauta de votação, ao lado das reformas da Previdência e administrativa, a partir de 15 de fevereiro.
Uma das preocupações dos três é que iniciativas como a do presidente da Radiobrás, Maurílio Ferreira Lima, aumentem a resistência do Congresso à reeleição.
Ferreira Lima criou, por conta própria, o que chama de movimento popular para a reeleição de FHC, sem ouvir as principais lideranças do PSDB.
Anteontem, a iniciativa do presidente da Radiobrás já teve sua primeira repercussão negativa. O PT pretende ir à Justiça, se houver indícios de uso da máquina da estatal na campanha pró um novo mandato para FHC.
O Palácio do Planalto está apostando no apoio de governadores para a emenda da reeleição.
Como a emenda também os beneficiaria, o governo avalia que haverá interesse de praticamente todos os 27 em disputar mais um mandato de quatro anos.
A Folha apurou que o governo prevê que os nove governadores do PMDB, por exemplo, deverão mostrar-se favoráveis à emenda da reeleição, apesar de não manifestarem apoio publicamente.
As principais lideranças peemedebistas no Congresso, incluindo o presidente nacional do partido, Paes de Andrade, já se declararam contrários à proposta.
A eventual adesão dos governadores favoreceria FHC porque se transformaria em pressão junto às bancadas dos respectivos Estados para aprovar a reeleição.
Um motivo de preocupação do Planalto são os prováveis pedidos de governadores por liberação de verbas em troca da reeleição.
FHC tem repetido a interlocutores do PSDB e do PMDB que não comprometeria o Plano Real, que o conduziu à Presidência da República, para conseguir o sinal verde do Congresso para a reeleição.
Verbas
Antes mesmo da votação do Orçamento de 1996 no Congresso, governadores reclamam junto ao Planalto do bloqueio de verbas pela equipe econômica em 1995. Querem a garantia de que aquilo que for aprovado pelos parlamentares será liberado.
Isso dificilmente acontecerá. O Orçamento que está sob exame do Congresso já revela um déficit de R$ 16 bilhões.

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sobre reeleição à pág. 1-17

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