São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 1996
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Rio e SP invertem papéis no Carnaval

DA REPORTAGEM LOCAL; DA SUCURSAL DO RIO

Paulistas pagam para sair como figurantes na Marquês de Sapucaí
Cariocas ganham para desfilar como destaque nas escolas de São Paulo
O Carnaval deste ano vai inverter o velho estereótipo de que carioca se diverte enquanto paulista trabalha. De sábado a terça-feira da próxima semana vários cariocas vão estar ganhando para trabalhar em lugares de destaque nas escolas de samba de São Paulo. Já os paulistas vão estar pagando para se divertir e sair como figurantes nas escolas do Rio.
Os números comprovam a inversão. O cargo mais importante (o de carnavalesco) de 50% das escolas do Grupo Especial de São Paulo é ocupado este ano por cariocas. Há também mestres-salas e porta-bandeiras, compositores e puxadores de samba importados. A idéia é usar o know-how carioca para tentar a vitória.
Ao mesmo tempo, 25% dos 4.500 integrantes do Salgueiro, escola vice-campeã do Rio, são paulistas. São Paulo é também responsável pela compra de 14 mil dos 34 mil lugares nobres para os desfiles de domingo e segunda na Sapucaí. A idéia é conseguir dinheiro. Uma fantasia custa no mínimo R$ 300.
Para alguns, a inversão é danosa para os dois carnavais. No Rio, afirmam que o paulista esfria o samba e que essa invasão do sambódromo é a responsável pela desanimação nas arquibancadas. Em São Paulo, dizem que a mão-de-obra carioca é dispensável.
Alheia à polêmica, a estudante Carla Teixeira Álvares, 22, vai deixar São Paulo para desfilar este ano no Salgueiro, que, não por acaso, tem o imigrante italiano como tema de seu enredo. "Eu sei que pago mais pela fantasia que um morador do morro. Mas tudo bem. Você paga mais para subsidiar a fantasia de uma pessoa da comunidade."

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sobre Carnaval da pág. 2 a 3

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