São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 1996
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Para a Toyota, adesão a programa de incentivos do governo traz riscos

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Toyota do Brasil ainda não decidiu se vai aderir ao programa de incentivo à indústria automobilística lançado pelo governo.
Na avaliação da empresa, a nova política industrial beneficia as montadoras já instaladas no país. Mas para quem pretende entrar agora, os riscos são grandes.
"É preciso pensar duas vezes. O Brasil está exigindo muito das novas empresas", diz Masanori Onji, diretor-superintendente da Toyota brasileira.
A Toyota está no Brasil desde 1958. Produz um único modelo, o jipe Bandeirante (3.700 unidades em 95), na unidade no ABCD.
A empresa tem interesse em instalar nova fábrica no país. Por causa disso, é considerada, segundo as regras da nova política, uma "newcomer". "Não há nada definido por enquanto. Estamos fazendo estudos", diz Onji.
O executivo não confirma, mas é possível que a montadora japonesa anuncie oficialmente sua intenção de fabricar um automóvel no Brasil durante a próxima visita do presidente Fernando Henrique Cardoso ao Japão.
A MP (medida provisória) do setor automotivo estabelece que fabricantes de veículos com projetos de investimento no país vão poder importar veículos prontos, equipamentos, peças e matérias-primas com alíquotas reduzidas do Imposto de Importação.
Mas as importações terão de ser compensadas por um volume igual de exportações, no prazo de três anos após o início das operações.
Para Onji, o equilíbrio do balanço de pagamentos de uma empresa é "consequência natural" do desempenho da empresa. "Se você fica pressionado a cumprir essas exigências, fica difícil."
A Toyota também vê dificuldades para que um novo fabricante atinja o índice médio de nacionalização de 60% no prazo de três anos. Ou seja, 60% das peças usadas na fabricação do carro terão de ser produzidas no Brasil.
"Para quem começa do zero será um problema atingir o índice", diz Onji. "No caso da Toyota, por exemplo, não é totalmente inviável, mas é preciso avaliar bem."
Para Onji, as montadoras de automóveis, como Fiat, Volkswagen, Ford e GM, não terão nenhum problema em atender às regras da nova legislação.
"Para elas é vantagem aderir o mais rápido possível", diz. Como já exportam, "basta fazer um esforço e aumentar as exportações".
Também não precisam se preocupar com o índice de nacionalização, que é medido pelo conjunto da produção da empresa e não por modelo, diz Onji. Ou seja, é preciso usar 60% de peças nacionais. Mas é possível reservar a parcela de componentes importados para os novos modelos, que poderiam ser montados com índice mínimo, sem infringir a legislação.
A esperança da Toyota é que sejam feitas mudanças na MP.

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