São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Kohl busca alternativa para desemprego

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O chanceler alemão, Helmut Kohl, reúne-se amanhã com líderes sindicais para tentar chegar a um consenso com relação ao pacote de combate ao desemprego.
A taxa de desemprego de janeiro, divulgada esta semana, chegou a 10,8%, a maior desde 1948.
O ponto central da reunião será o novo sistema de aposentadoria, que Kohl quer ver aprovado no Congresso o mais rápido possível.
A proposta do governo, elaborada pelo ministro do Trabalho, Norbert Bluem, prevê uma fase transitória de jornadas de trabalho mais curtas antes da aposentadoria plena.
O ministro Bluem deseja também aumentar a idade mínima de ingresso no sistema.
Isso para evitar que trabalhadores e empresas optem -como ocorre na maioria dos casos, atualmente- pelo sistema de aposentadoria antecipada.
Para as empresas, é menos custoso aposentar seus trabalhadores mais cedo do que pagar-lhes os devidos encargos e benefícios, aos quais os funcionários mais velhos têm direito.
Conflitos
Esta não será a primeira rodada de negociações entre governo e sindicalistas.
No dia 30 de janeiro, eles já haviam aprovado a "Aliança para Trabalho e Indústria", que prevê redução do desemprego pela metade até o ano 2000.
O maior sindicato alemão, o IG Metall (que reúne trabalhadores mecânicos) e a central dos trabalhadores postais já se pronunciaram em contra da proposta governamental.
"Queremos a continuidade do sistema atual -que prevê aposentadoria antecipada- até que seja encontrada uma solução capaz de manter o poder aquisitivo do trabalhador", afirma comunicado do IG Metall.
Bluem adverte, porém, que a continuidade do sistema de aposentadoria antecipada não só mantém alta a taxa de desemprego, mas também gera déficit na Previdência.
"Em 96, o déficit causado pela aposentadoria antecipada pode chegar a cerca de US$ 6 bilhões", disse ele.
O momento de fato não seria propício para o aumento do déficit público alemão.
Para aderir ao acordo da moeda única, programado para 1999, os países europeus precisam apresentar déficit público inferior a 3% do PIB (Produto Interno Bruto).
Kohl já manifestou várias vezes que seu maior desejo político, antes de deixar o cargo (que ele já ocupa há 13 anos), é efetuar a união monetária. Esse é mais um ponto de divergência com o presidente francês, Jacques Chirac, tido como avesso à união.
Hoje, Kohl encontra-se com o primeiro-ministro francês, Alain Juppe, para tentar salvar o calendário da união monetária e reaver a idéia de um programa conjunto de combate ao desemprego.
Idéia que fracassou, dizem analistas, devido às divergências entre Kohl e Chirac.

Texto Anterior: RAIO X DA EMPRESA
Próximo Texto: Governo ainda corre atrás de contrato duplo no SFH
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.