São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 1996
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A revolução dos micros

MARIJÔ ZILVETI
DA REPORTAGEM LOCAL

O adolescente de hoje tem à disposição, em seu microcomputador de mesa, mais de mil vezes o poder de processamento do vovô Eniac.
A máquina de 93 m² -o tamanho de um apartamento de três quartos- conseguia realizar 5.000 adições por segundo.
Os microprocessadores de hoje -cérebros dos micros modernos, menores que uma caixa de fósforos- já superam as 5 milhões de instruções por segundo (leia quadro ao lado). E supercomputadores usados para aplicações científicas, como o Cray, fazem até 1 trilhão de multiplicações por segundo.
O aumento da capacidade de processamento, a redução de tamanho e a diminuição de preços fizeram com que o computador chegasse a empresas de todos os tamanhos, pequenos escritórios e casas.
O computador trouxe algumas capacidades inéditas ao homem, como executar com extrema rapidez e com faixa de erro desprezível tarefas repetitivas e de grande volume, como operações matemáticas que exigem só envolvimento mecânico.
Outra característica dessa máquina, na forma que a indústria deu ao PC, é que hoje ela reúne tarefas antes realizadas por equipamentos dedicados (vídeo, fax).
Os computadores com função de fax, secretária eletrônica capazes de distinguir chamadas de voz e de fax, já não são mais nenhuma novidade no dia-a-dia do homem.
O CD-ROM é mais um exemplo do vertiginoso aumento do poder dos computadores. Um disco desse tipo pode armazenar textos equivalentes a 20 volumes de uma enciclopédia, mais sons e videoclipes.
A consulta a dados em discos ópticos no formato de um CD de áudio transformou-se em rotina nas escolas das camadas com acesso à informação.
Os programas educativos, as enciclopédias e jogos com vídeo e muita ação ajudaram a levar o micro para a sala de estar. Nos EUA, adolescentes preferem usar o computador a ver TV. No ano passado, naquele país, as vendas de micros superaram as de televisores.
Agora, a capacidade de comunicação é mais um atrativo do PC. A rede mundial de computadores Internet (leia texto na pág. 5-7) virou um fenômeno jamais visto, oferecendo possibilidades como falar por telefone via rede de computadores e assistir no micro a transmissões ao vivo de shows.
Geração de riquezas
A geração de riquezas proporcionada por essa máquina rende cifras vultosas.
As 50 maiores empresas mundiais de informática faturaram mais de US$ 324,6 bilhões em 1994 -o equivalente a mais da metade do que é gerado em um ano em bens e serviços no Brasil.
A Intel, líder mundial na produção de chips para computadores pessoais, vendeu no ano passado US$ 16,2 bilhões, registrando crescimento de 41% em relação ao período anterior.
A indústria de computadores comemora seus resultados com largo sorriso. A Compaq, que disputa a liderança de vendas de micros nos EUA com a Apple e a Packard Bell, anunciou há duas semanas uma receita de US$ 14,8 bilhões para o ano fiscal de 95.
E a indústria de software tem na Microsoft o maior exemplo de sucesso em faturamento. Em junho de 95, anunciou receita de US$ 5,94 bilhões, com crescimento de 28%. Para 96, as previsões apontam rumo aos US$ 8 bilhões.
São vários os fatores que sustentam as volumosas receitas registradas periodicamente pela indústria de informática.
A popularização dos computadores pessoais, adentrando a casa de milhões de consumidores, deve-se à queda de preços.
Em 1980, um PC podia ser adquirido por US$ 5.000, sem nenhum dos poderes de processamento oferecidos atualmente pelo PC. Hoje, um microcomputador com recursos de fax, telefonia e multimídia pode ser comprado nos EUA por cerca de US$ 2.000. No Brasil, chega aos R$ 3.000.
Mais fácil de usar
A facilidade de uso é outro fator fundamental para a massificação de equipamentos.
A Apple concebeu em 1984 uma máquina com recursos gráficos e fácil de usar como ligar uma TV na tomada. Nascia a família de computadores pessoais Macintosh.
A gigante Microsoft, líder mundial em venda de programas para computadores pessoais, tomou emprestada a idéia da Apple de um programa gráfico com ícones para obter acesso aos comandos do computador, substituindo a trabalhosa digitação no teclado, e lançou o "Windows", para micros que seguiam o padrão IBM PC (leia texto abaixo).
Nesse embate, a Microsoft venceu por uma razão simples: a maior base de computadores pertencia ao mundo PC.
A Microsoft, junto com Compaq e Intel, faz parte do grupo das empresas de sucesso -pelo menos até agora.
Nesse mercado que movimenta bilhões de dólares, é preciso alta velocidade para ficar no topo. Não são raras as histórias de derrotas de empresas que pareciam imunes ao fracasso.
Um exemplo é a Burroughs, fabricante de computadores de grande porte que chegou a estar entre as cinco maiores do mundo, nos anos 60 e 70. Ao se fundir com Sperry Random, no final dos anos 80, adotou o nome de Unisys e partiu para tentar outros mercados, diversificando produtos e apostando em equipamentos menores e computadores pessoais.
E se a indústria de informática gera riquezas é porque os investimentos em novas tecnologias continuam em ritmo acelerado.
Para o final do milênio, há promessas de equipamentos custando cerca de US$ 500 com capacidade de se conectar ao mundo, oferecendo milhões de informações.

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