São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 1996
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Concordata e falência atingem as franquias

Franqueados devem atentar aos sinais de fraqueza

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Franquias não são imunes a pedidos de falências e concordatas. Também sofrem com os calotes de fornecedores e clientes.
"O sistema de franquias é menos suscetível a falhas de operação, mas sofre -como todas as empresas- os efeitos negativos da retração econômica", afirma o consultor Daniel Citron, da Francap.
A prova é que, no ano passado, com a política econômica de aperto à liquidez, muitas empresas (inclusive diversas franquias) pediram concordata.
As franquias de confecção foram as mais atingidas, mas a concordata também chegou a pontos como a tradicional Papelaria Dux, há 42 anos no mercado, ou a rede de fast food Giraffas.
Marcelo Cherto, da Cherto & Associados, diz que a concordata não significa, num primeiro momento, que a franquia e o franqueado serão prejudicados, apenas que a empresa terá um fôlego de dois anos para quitar as dívidas.
Mesmo assim, a concordata pode trazer consigo problemas com fornecedores, que passam a exigir pagamento à vista, e com bancos -que ficam mais exigentes.
Para Cherto, a solução desses problemas depende da capacidade de negociação entre fornecedores, franqueador e franqueados e da transparência dessa negociação.
A Ocean Tropical -empresa que opera a Pakalolo e Body for Sure- conseguiu, um mês após o pedido de concordata, ampliar o prazo de pagamento de fornecedores de 28 para 35 dias, diz Miguel Sacramento, superintendente.
"Essa vantagem está começando a ser repassada para os franqueados", diz Sacramento.
Susan Berger, presidente do Conselho de Ética da ABF (Associação Brasileira de Franchising), aconselha que, após a concordata, franqueador e franqueados negociem a exclusividade nas compras.
"Muitas vezes, o franqueado consegue comprar mercadoria de igual qualidade com menor preço, por não estar vinculado à concordata", diz Susan.
Marisa Carneiro, franqueada de seis lojas da Ocean Tropical, conta que a primeira reação dos franqueados ao saber da concordata é de susto e apreensão quanto à continuidade do negócio.
"Mas logo percebemos que o cliente não presta atenção à situação financeira da rede, mas na qualidade e preço do produto", afirma Marisa.
Para evitar sustos como este, diz Susan, o interessado em abrir um novo negócio e o franqueado devem estar atentos ao mercado e às informações apresentadas pelas franquias.
"As empresas, mesmo quando não podem revelar aos franqueados que vão pedir concordata, sempre dão pistas de que não estão indo bem financeiramente", diz.
Falência
No caso de falência, a situação torna-se mais complicada porque a marca, simplesmente, desaparece do mercado. "A saída, aqui, é sempre uma solução que envolve criatividade", diz Susan.
Um exemplo é a ex-rede de lavanderia mineira Eureka. Quando a concordata foi decretada, em 1994, a Eureka tinha 71 franqueados. Desses, 49 formaram uma associação que manteve o serviço a partir de agosto de 1995, quando a falência foi decretada.
"A associação tem vínculos com cinco redes de lavanderia, que nos permitem tocar o negócio", diz João Alberto Assis Moreira, presidente da Associação de Franqueados da Eureka Lavanderia.

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