São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Livro mostra as violações pós-85

Democracia não assegura direitos

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao se eleger deputada constituinte em 1988, Benedita da Silva foi alvo de chacotas por parte de companheiros do Congresso. Alguns deputados diziam que iriam abolir a Lei Áurea e fazer dela uma escrava.
"Um misto de grosseria machista e racista", diz Benedita, eleita em 1994 a primeira senadora negra do país. Histórias como a de Benedita constam do livro "Democracia aos Pedaços - Direitos Humanos no Brasil", do jornalista Gilberto Dimenstein, correspondente da Folha em Nova York.
Editado pela Companhia das Letras e com lançamento previsto para o próximo dia 15, o livro conta a experiência de seis personagens cujas vidas estão ligadas à luta pelos direitos humanos.
Além de Benedita (PT-RJ), constam do livro experiências vividas pelo índio Marcos Terena, pelos padres Ricardo Rezende e Júlio Lancellotti, pela promotora de Justiça Tânia Maria Salles Moreira e pela senadora Marina Silva (PT-AC).
O livro faz um balanço sobre as violações dos direitos humanos no Brasil desde a redemocratização do país, em 1985. A pesquisa foi realizada pelos jornalistas Wilson Silveira, da Folha, Cristina Velho e Helena Daltro, sob patrocínio da Human Rights Watch/Américas.
Cada um dos seis personagens abre um capítulo no livro. Benedita, por exemplo, faz parte do tema violência contra a mulher e racismo. Ela conta que foi estuprada quando era menina, além de sofrer preconceitos e agressões físicas.
No capítulo de violência contra indígenas, o índio Marcos Terena conta ter vivido 14 anos de sua vida como se fosse japonês. Escondeu sua origem para se livrar da discriminação que enfrentou ao entrar no colégio.
No capítulo sobre grupos de extermínio, Tânia Moreira revela que decidiu se tornar promotora ao ver uma chacina em Queimados, na Baixada Fluminense, em que oito jovens foram baleados e queimados vivos.
O padre Júlio Lancellotti faz parte do capítulo sobre violência nos presídios, enquanto o padre Ricardo Rezende integra o capítulo sobre conflitos de terra. A senadora Marina Silva encabeça a questão do trabalho escravo.

Texto Anterior: PT realiza primeiro debate entre candidatos
Próximo Texto: Cientista quer adiar corte em gás carbônico
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.