São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996
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Seca no Rio Grande do Sul produz safra 20% menor

LUIZ ANTONIO CINTRA
ENVIADO ESPECIAL A SANTANA DO LIVRAMENTO

A falta de chuva no final do ano passado vai fazer o Rio Grande do Sul colher neste ano 20% menos uvas. A safra 96 deve render 330 milhões de quilos, que vão servir de matéria-prima para a produção de 45 milhões de litros de vinho.
Essa é a produção dos chamados vinhos "finos". Além destes, serão produzidos ainda outros 200 milhões de litros de vinhos "comuns" -mais baratos e vendidos, na maior parte das vezes, em garrafões de cinco litros.
Tudo somado, as mais de 400 vinícolas do Estado do Rio Grande do Sul devem faturar com a safra 96 cerca de US$ 500 milhões, incluindo aí a venda de sucos prontos para beber e concentrados.
Mas a seca de novembro e dezembro pode render bons frutos, literalmente: as variedades precoces de uvas brancas, que se beneficiaram do clima.
"Cada safra é uma história. Neste ano, uvas brancas se deram melhor. Para as tintas, será um ano comum", diz Danilo Cavagni, presidente da Uvibra (Associação Brasileira de Vitivinicultura).
Mas a maior preocupação das vinícolas continua sendo o vinho importado, que hoje paga 20% de imposto para entrar no país e, a partir do dia 16, vai pagar 35%.
O crescimento dos importados -que passaram de uma fatia histórica de 10% do mercado para cerca de 40% depois do Real-, para Cavagni, reflete a "repressão" a que o consumidor brasileiro estava submetido.
"Agora estamos do outro lado. O brasileiro compra vinho pela cor da garrafa e acaba desconsiderando a qualidade do produto", diz.
Algumas vinícolas buscam firmar novas fronteiras para o cultivo da uva, fora da região serrana -onde estão Caxias do Sul, Garibaldi e outros 28 municípios.
É o que a Almadén, hoje parte do grupo Seagram, está fazendo em Santana do Livramento (a 500 km de Porto Alegre), na fronteira com o Uruguai.
Ali, a 500 quilômetros da região serrana do Estado, a Almadén prevê colher até março 7,5 milhões de quilos de uvas, o que deve render cerca de US$ 2 milhões.
A produção pode ser menor que a de 95. "A safra pode ficar menor, mas a qualidade será melhor e acaba compensando", diz Gladistão Omizzolo, diretor da Almadén.

O repórter LUIZ ANTONIO CINTRA viajou a convite da Seagram do Brasil

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