São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996
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Consumo de queijo cresce 33% em 95

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A superoferta de queijos em 1995 derrubou os preços e levou ao aumento de 33% no consumo.
No ano passado, a importação de queijos cresceu 154% e a produção 20% sobre 1994.
Nunca o brasileiro teve tanto acesso ao produto, especialmente as classes C e D.
Nos últimos seis meses, os preços dos queijos estão de 10% a 15% abaixo da média histórica.
Os quatro tipos mais consumidos -prato, mussarela, provolone a parmesão- custam hoje para o comércio de R$ 2,80 a R$ 3,20 o quilo, em média, informa Flávio Burri, diretor de marketing da Abiq (Associação Brasileira das Indústrias de Queijo).
Muitas empresas, informam seus diretores, estão vendendo o produto por preço abaixo do custo.
"Se a indústria não reajustar entre 12% e 15% os preços muitas marcas vão sair do mercado", diz Burri, que também dirige a São Vito Comercial e Importadora.
A São Vito, conta ele, produziu em 1995 3,6 mil toneladas de queijos -15% mais do que em 1994. "A produção foi recorde." O preço médio do queijo, diz, chegou a cair até 20% no período.
Na análise dos fabricantes, os preços não caem mais. Se estabilizam durante a safra do leite -de novembro a fevereiro- e sobem a partir do mês que vem.
Cícero de Alencar Hegg, diretor da Laticínios Tirolez, diz que a partir de março os preços do queijo deverão subir até 30%, em média. "Trata-se de uma recomposição".
Segundo ele, os queijos prato e mussarela custam hoje para o comércio entre R$ 3 e R$ 3,50 o quilo.
Nesta mesma época do ano passado, custavam entre R$ 3,70 e R$ 3,80. "Devem agora subir para R$ 3,80 a R$ 4,50 o quilo."
Contribui para isso, diz Hegg, a esperada queda na oferta dos importados. É que subiu a alíquota para importação do produto e isso desestimula a compra do produto no exterior.
Em abril do ano passado, a alíquota caiu de 25% para 2%. Em setembro, subiu para 6% e, no final do ano passado, para 24%.
"Se não houver proteção do governo a indústria nacional de queijos não sobrevive", afirma Hegg.
Fábio Scarcelli, presidente da Abiq, diz que é impossível competir especialmente com os queijos que chegam da Europa, onde a produção é subsidiada.
Segundo ele, o queijo argentino ou uruguaio custa no país de origem em torno de R$ 3 o quilo e chega aqui por R$ 4 o quilo. "O queijo alemão entra no Brasil por R$ 2 o quilo."
Na análise de Scarcelli, a importação de queijo que, no ano passado, foi de 94 mil toneladas deve cair para 30 mil toneladas a 35 mil toneladas neste ano.
Mais elaborados
A S. Teixeira Produtos Alimentícios priorizou a venda dos produtos mais elaborados para escapar da baixa dos preços.
"Aumentamos a produção de queijo ralado", diz Solon Teixeira de Rezende Jr., diretor.
Ele conta que a produção da empresa em 1995 cresceu 22% sobre 1994 -de 5.000 toneladas para 6.400 toneladas. O faturamento saltou de R$ 25 milhões para R$ 36 milhões ou subiu 44%.
O quilo do queijo ralado é mais caro. Rezende Jr. diz que o quilo deste produto para o comércio custa entre R$ 7 e R$ 7,50.
A Vigor, que tem parte da produção destinada ao queijo minas frescal, requeijão cremoso e cream cheese, é outra que não tem do que reclamar.
Marcelo Ermini, gerente de marketing, diz que a produção da empresa no ano passado deu um salto de 65% sobre 1994. Segundo ele, a Vigor não vê espaço para aumentos de preços.
"Os preços estão estabilizados desde junho do ano passado. Acho difícil novos reajustes porque tem leite à vontade no mercado."
Concentração
Scarcelli diz 20% da indústria nacional de queijos passou para as mãos de multinacionais nos últimos anos.
Nos seus cálculos, de 1990 até agora 100 empresas foram adquiridas por multinacionais. O setor reúne hoje cerca de 600.
A queda nos preços do queijo, afirma, colocou muitas empresas em situação difícil. A saída foi passar para o controle de grupos mais poderosos.
As três multinacionais mais atuantes neste mercado são Parmalat, Gessy Lever e Fleischman Royal.

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