São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996
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Novo álbum do Pulp ameaça Oasis e Blur

DA "SPIN"

Você detesta sua cidade natal. Está sufocado e fora de lugar. É um freak desajustado. Então você muda para a cidade grande e, surpresa, descobre que ficou mais perdido ainda.
Essa é a história de Jarvis Coocker, um cara alto e desajeitado, com ombros largados. E é essa história que está levando sua banda, o Pulp, direto ao topo das paradas inglesas, destronando os enjoados Oasis e competentes Blur.
Enquanto a garotada iletrada a sua volta achava que até seus arrotos eram dádivas de Deus, Cocker e o Pulp ficaram na obscuridade por 16 anos.
Agora, o público da Grã-Bretanha decidiu promover o Pulp a porta-voz da crônica do desespero metropolitano. A banda faz sucesso e ameaça a hegemonia bipartida de Oasis e Blur.
O sucesso veio com o atordoante álbum "Different Class", que une as mensagens depressivas de Cocker ao balanço enganadoramente presunçoso da banda.
Mas 16 anos sem reconhecimento podem coagular o cérebro de um homem. Basta prestar atenção a uma pequena passagem de "I Spy", uma das músicas do álbum: "Você deve me levar a sério, muito a sério/ Porque eu estive dormindo com sua mulher nos últimos 16 anos/ Fumando seus cigarros, bebendo seu brandy, desarrumando a cama que vocês escolheram juntos/ E, nesse tempo todo, o que eu queria é que você chegasse de repente e nos pegasse ali".
"Different Class" está tão cheio das impressões que Cocker teve ao trocar o nordeste da Inglaterra por Londres que o disco parece um roteiro de filme.
"Esse não é um disco conceitual. Nós não somos o Yes", diz Cocker. Ele se diz mais ajustado à cidade grande agora. "Só levou muito tempo. Sempre quis me ajustar porque sempre fui desajustado. Sempre quis fazer contato com o sucesso."

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