São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996
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Universidades querem extinção do trote

CÉLIA ALMUDENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Universidades e faculdades querem marcar o ano de 96 com a extinção dos trotes. O ritual costuma submeter os calouros a humilhações e brincadeiras violentas no início das aulas.
A maioria das escolas resolveu fazer acordos com representantes estudantis para adotar medidas para evitar a violência contra os calouros (veja quadro ao lado).
Uma das idéias é eliminar a palavra trote do vocabulário universitário. "Queremos abolir a palavra trote e substituí-la por recepção. Para isso, a primeira coisa é definir as regras que determinam a recepção dos alunos", diz Arthur Roquete de Macedo, 52, reitor da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
O primeiro artigo da portaria da Unesp diz: "São proibidas as ações que possam causar constrangimento de ordem física, psíquica e/ou moral aos alunos ingressantes no âmbito dos campi e da moradia estudantil".
Outras escolas adotam medidas um pouco mais drásticas.
"Convocamos seguranças e funcionários para que no campus não haja condições de realizar trotes. Espalhamos cartazes dizendo que o trote é proibido", diz Constantino , 61, coordenador de vestibulares da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial).
Já a direção da GV (Fundação Getúlio Vargas) aposta em três atitudes para evitar a violência do trote: conscientização dos veteranos, acordo com a liderança do diretório acadêmico para que ajude a controlar o trote e a publicação de comunicado de que qualquer excesso será punido.
"O trote tradicional não é positivo. O ideal é que houvesse um trote construtivo, como a doação de sangue e alimentos, por exemplo. De qualquer forma, temos conseguido controlar os excessos", diz Carlos Ernesto Ferreira, 54, coordenador do curso de graduação da GV.
Ferreira e Agazzi alertam que é mais complicado controlar o trote que acontece fora do campus.

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