São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A vez agora é do PSDB

WALTER FELDMAN

No final do ano passado informei aos dirigentes do Partido da Social Democracia Brasileira e ao governador Mário Covas sobre minha disposição de encabeçar a chapa do PSDB para a eleição de outubro na capital de São Paulo.
Foi uma decisão pensada, amadurecida com os companheiros da base tucana, com amigos e correligionários, com pessoas representativas das mais diversas correntes, dos mais diversos segmentos sociais de nossa cidade.
O próximo prefeito de São Paulo precisa ser do PSDB. Por quê? Porque São Paulo precisa dar ao PSDB a oportunidade de mostrar que também aqui é possível revolucionar a administração pública, que também aqui se pode desencadear o processo de mudanças, a exemplo do que já acontece nas esferas federal e estadual.
São Paulo precisa de uma revolução. É hora de evitar eufemismo, de ir direto ao assunto. Os próximos governos na nossa cidade deverão se concentrar na tarefa de reduzir a distância imoral que separa os pobres dos ricos na maior metrópole da América do Sul.
Não se trata de prometer uma abstrata "prioridade para o social", mas de apresentar propostas e exibir vontade política de combater a pobreza. Vontade política e propostas que -todos estão vendo- o PSDB tem de sobra.
São Paulo é a capital das oportunidades, do progresso. Precisa deixar de ser a terra do ódio social, do medo. Há poucos dias, ouvi de certo amigo uma observação que dá bem a dimensão do problema. Disse ele, com sabedoria: "Aqui é assim. Você trabalha duro para o seu filho poder comprar um tênis importado, um boné, uma camiseta transada. Quando finalmente você consegue, o garoto não pode sair na rua com a roupa nova, senão é assaltado e pode até morrer".
A Prefeitura de São Paulo pode e deve ocupar um papel destacado na luta para corrigir esse quadro. Emprego, saúde e educação; eis as três palavras que devem tomar todas as horas dos quase 1.500 dias de mandato do próximo prefeito. Até porque, ao assumir efetivamente suas responsabilidades nessas áreas, estará dando um passo gigantesco para atacar outros problemas, como o transporte e a segurança.
Mas como falar em mais empregos num cenário em que as grandes empresas demitem para reduzir custos e ganhar competitividade e em que o Estado precisa enxugar seus quadros, em busca da eficiência administrativa e do saneamento das contas públicas? Como resolver esta equação, que parece insolúvel?
Insolúvel só na aparência. É verdade que, ao nível das grandes e médias empresas, reduz-se cada vez mais a margem para criar postos de trabalho.
Mas é também verdade que a nova vocação de São Paulo, a prestação de serviços, abre enormes perspectivas para a multiplicação das micro e pequenas empresas. Agentes econômicos capazes de, ao mesmo tempo, prover a demanda de um mercado em expansão e absorver os contingentes excluídos do emprego tradicional.
No governo do PSDB a Prefeitura irá desempenhar um papel decisivo no estímulo à multiplicação da pequena e micro empresa, particularmente nas regiões mais distantes. Crescer desconcentrando será a palavra de ordem. É fácil notar que a criação de novas perspectivas de trabalho perto de onde se mora, longe do centro, ajudará a resolver os grandes problemas do transporte em São Paulo, que resistem há anos às providências dos vários prefeitos.
Todas as pesquisas apontam que o morador de São Paulo exige avanços imediatos e substanciais na saúde e na educação. No governo do PSDB a saúde pública vai receber tratamento de choque. Não há outra saída.
Recursos excepcionais serão destinados à recuperação da rede física e à sua integração, à recuperação dos salários e ao reequipamento das unidades. Em contrapartida os profissionais terão dedicação extrema, oferecendo um serviço de qualidade. O usuário será atendido de maneira correta, gentil e competente. O que, aliás, será regra na administração.
Finalmente a escola. Assim como na saúde, o PSDB dará prioridade à recuperação salarial, pré-requisito para a elevação da qualidade do ensino. A atenção estará concentrada no professor e nas condições de aprendizado da criança e do jovem. Tudo será feito para aumentar o tempo de permanência na escola e para evitar que o professor tenha de saltar de emprego em emprego para poder sobreviver. Uma política educacional voltada para o aluno e não para o prédio. A exemplo, aliás, do que já vem fazendo o governo Mário Covas.
Como se pode ver, são metas grandiosas. Para serem alcançadas precisarão de uma nova estrutura política, descentralizada, na qual o prefeito tenha em cada região da cidade um subprefeito com poder de decisão, exercendo o poder local com a participação da comunidade.
Estas são idéias iniciais, a serem detalhadas e ampliadas no programa de governo. Assim como meu nome e minha trajetória, estão à disposição do meu partido. Para lutar, vencer e governar São Paulo como o PSDB sabe fazer.

Texto Anterior: Passagem para a Índia
Próximo Texto: Cantores e deputados; Neoliberalismo; Magri e Força Sindical; Ensino jesuítico; Cachoeira da Fumaça; Sangue de calouros
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.