São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 1996 |
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Avestruz estica pescoço no mercado brasileiro Empresária traz dos Estados Unidos criatório da ave JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
O criatório de Teresa Barbanell, o Asas Novas, deve receber seu primeiro lote de avestruzes (120 aves) em março. A partir de abril, serão importadas 400 aves mensais. Desse total, 10% serão selecionados como reprodutoras. Teresa espera obter autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para importar as aves de seu criatório localizado no norte do Texas, nos EUA. A Asas Novas venderá os avestruzes a criadores brasileiros, garantindo-lhes a recompra dos animais destinados ao abate e prestando assistência técnica, especialmente na identificação de reprodutores. Até agosto, a empresária planeja instalar seu frigorífico. A carne terá como destino a Europa, onde é utilizada pelos restaurantes na preparação de pratos requintados. Europa e Japão são os principais consumidores da carne, vermelha e de sabor parecido ao da bovina. O maior produtor mundial é a África do Sul (5.800 t em 95), onde as fazendas de avestruz existem há mais de um século. As aves vivem até 70 anos, botam de 30 a 100 ovos/ano e seu peso, quando adulto, varia entre 150 kg e 200 kg. Pesquisas divulgadas pelos criadores sul-africanos e norte-americanos mostram que a taxa de colesterol da carne de avestruz é mais baixa que a das carnes bovina, suína e de frango. Também segundo as pesquisas, a carne do avestruz tem os menores níveis de gordura e calorias. O faturamento esperado pela Asas Novas para este ano no Brasil é de US$ 13 milhões, mais que o dobro dos US$ 5,2 milhões registrados em 95 pela Blue Ridge, a empresa de Teresa no Texas. "Estou apostando no Brasil, porque o clima aqui é mais favorável à criação", diz ela. A empresa venderá pintinhos de 40 dias por entre US$ 400 e US$ 500 e reprodutoras de três meses por US$ 1.200 a US$ 1.500, por meio da leiloeira Embral. As aves podem ser abatidas a partir dos 12 meses. Segundo Teresa, a Asas Novas garantirá a recompra dos animais destinados ao abate, a preços de US$ 4 a US$ 5 o quilo vivo. Nascida em Cascavel (PR), Teresa Barbanell, 38, mantém residência fixa nos EUA desde 1984. Lá, ela foi garçonete, assistente da Embaixada do Brasil e vendedora de ouro e prata. Em 1991, após visitar fazendas de avestruz no Texas, interessou-se pelo negócio e investiu US$ 22 mil na compra de três pares de aves de três meses de idade. Três meses mais tarde vendeu as aves por US$ 44 mil. O retorno sobre o investimento animou-a a apostar na atividade. Além do criatório, Teresa montou uma indústria que abate aves e produz couro e pluma. No Brasil, há apenas dois criatórios comerciais de avestruzes, um em Bragança Paulista (SP) e outro em Goiás. ONDE SABER MAIS: Embral, tel. (011) 864-5533. Próximo Texto: Empresa importa 10 mil quilos de plumas Índice |
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