São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 1996
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Preço do feijão deve subir em março

FELIPE MIURA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O crescimento do consumo, com o final do período de férias, deve contribuir para a alta dos preços do feijão carioca nos próximos meses, segundo a previsão dos analistas de mercado.
Em janeiro passado, as vendas caíram 20% em relação à média mensal.
Outro fato que fundamenta essa possibilidade de alta no próximo mês é o clima desfavorável durante a primeira safra nacional, principalmente nos Estados do Sul, que respondem por mais de 70% da produção entre janeiro e abril.
As chuvas foram escassas desde o plantio, entre agosto e outubro, até o início da colheita, na segunda quinzena de novembro passado.
Por esse motivo, segundo levantamento realizado pela Folha, semana passada, nas secretarias de agricultura do RS, SC e PR, a região Sul deve produzir apenas 600 mil t (quase metade de feijão preto), contra a previsão inicial de mais de 900 mil t da Companhia Nacional de Abastecimento.
Falta colher apenas 10% da área plantada no Sul e com essa quebra a disponibilidade de produto vai diminuir rapidamente até a entrada da segunda safra, em abril.
Até lá, o mercado vai depender principalmente da colheita que se iniciou no Planalto de Santa Catarina (Campos Novos, Curitibanos) e na região de Irecê, no sudoeste da Bahia.
A seca em janeiro provocou queda de rendimento nessas zonas produtoras.
Irecê é o caso mais crítico. Os cerealistas locais estimam que a produção deve chegar no máximo a 18 mil t, quando era esperada a colheita de até 120 mil t.
Com relação ao comportamento dos preços durante a comercialização desta safra, o atraso na colheita provocou forte aumento nas cotações entre o final de 95 e a primeira semana de janeiro deste ano.
Após esse pico, quando a saca chegou a ser negociada a R$ 60 no atacado de São Paulo, as cotações recuaram com o ritmo acelerado da colheita nas semanas seguintes, até ficarem estáveis em R$ 36/saca, a partir da segunda quinzena de janeiro.
Até março, a oscilação nos preços vai depender principalmente da qualidade do produto que falta ser colhido.
O feijão colhido sob chuvas praticamente não tem aceitação comercial e é negociado no máximo a R$ 15/saca no atacado.
Por enquanto não foi feito nenhum levantamento sobre a safra nordestina.
Já o feijão preto, que tem consumo restrito, deve se manter com variação pequena de preços durante este primeiro semestre.
Segundo Cícero Malucelli, da corretora Malucelli, de Curitiba, o Paraná vai colher mais de 200 mil t, o que, juntamente com a safra dos outros Estados do Sul e os estoques argentinos da safra passada, deve manter o mercado bem abastecido.

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