São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 1996
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Fome atinge 800 milhões em países não desenvolvidos

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

Cerca de 800 milhões de pessoas sofrem de má nutrição crônica nos países em desenvolvimento, entre elas 192 milhões de crianças com menos de 5 anos. Para acompanhar o crescimento da população mundial nos próximos 35 anos, a produção de alimentos terá que aumentar 30%.
Só que, em 95, a produção mundial de alimentos sofreu queda de 3% em relação a 94.
Preocupada com a perspectiva de aumento populacional, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) anunciou a realização da Conferência Mundial sobre Alimentação, em novembro próximo, em sua sede, em Roma (Itália).
O anúncio foi feito em Nova York (EUA), durante a última reunião preparatória para a 2ª Conferência sobre Assentamentos Humanos da ONU (Habitat 2), em junho em Istambul (Turquia).
"A fome é o principal problema do mundo hoje porque atinge homens, mulheres e crianças, tanto nos centros urbanos quanto no campo", afirmou Jacques Diouf, diretor geral da FAO.
"Hoje já temos dificuldade em alimentar os 5,8 bilhões de habitantes da Terra. Em 2030, seremos quase 9 bilhões. A produção de alimentos não está crescendo e precisamos pensar numa solução imediatamente", afirmou Diouf.
A produção de cereais, por exemplo, caiu de 1,94 bilhão de toneladas em 94 para 1,89 bilhões de toneladas no ano passado. Foi o terceiro ano consecutivo em que houve queda na produção.
Segundo a FAO, o aumento na produção de alimentos está comprometido, entre outros fatores, porque a ajuda externa a programas agrícolas em países em desenvolvimento vem caindo. Em 82, a ajuda foi de US$ 10 bilhões. Em 92, caiu para US$ 7,2 bilhões.
"Sem ajuda externa e com a queda na produção de cereais, os países em desenvolvimento têm dificuldade em combater a fome."
O preço de exportação de cereais aumentou entre 30% e 50% em 95. Em 96, os países pobres terão que gastar US$ 3 bilhões a mais com a compra de alimentos.
A última conferência aconteceu em 74. Na ocasião, os países participantes se comprometeram a acabar com a fome em dez anos.
Segundo Diouf, a Conferência Mundial de Alimentação -cujo slogan será "comida para todos"- terá a participação de chefes de Estado e de governo do mundo todo. ONGs (organizações não-governamentais) também serão convidadas a participar, mas as inscrições serão limitadas.

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