São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 1996
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'Polícia tem pouca autoridade', diz Spike Lee

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O cineasta Spike Lee, 38, afirmou que a polícia civil do Rio tem pouca autoridade no morro Dona Marta. Sua declaração é uma resposta ao chefe de Polícia Civil do Rio, delegado Hélio Luz, que chamou o cineasta de otário por pagar aos traficantes do Dona Marta para ter segurança durante as filmagens.
Lee defendeu Michael Jackson daqueles que acusam o cantor de negar sua negritude. "Ele tem um conhecimento de 100% da causa negra", afirmou.

Folha - O sr. se considera otário, como o considerou o chefe de polícia civil do Rio?
Spike Lee - Com todo o respeito ao chefe de polícia, a polícia não tem jurisdição no Dona Marta. A polícia tem pouca autoridade lá. Então, eu acho que não fui otário, fui é muito esperto.
Folha - Muitas pessoas questionaram o fato de o sr., que é atuante na defesa da causa negra, dirigir Jackson, que muitos acusam de negar sua negritude.
Lee - Tenho de ser honesto. Eu também já achei que o Michael tentava negar sua negritude, mas não o conhecia. Ele tem conhecimento de 100% da causa negra.
Ele não está tentando ser branco, ele tem uma doença de pele, que deixou sua pele branca.
Folha - É fácil trabalhar com um megastar ele?
Lee - Ele é o artista número um do mundo e ficou me perguntando: "Que mais que eu posso fazer?". Atores com os quais trabalho não fazem isso.
Folha - A receptividade do Dona Marta o surpreendeu?
Lee - Foi engraçado, porque as pessoas choravam, gritavam. Mas os policiais e os seguranças estavam mais eufóricos que as pessoas da favela. Eles ficavam o tempo todo ao redor de Michael pedindo autógrafo.
Folha - Quanto custou a produção total do clipe e quais as próximas etapas de filmagem?
Lee - O clipe todo vai custar ins US$ 3 milhões. Ainda vamos filmar em Nova York e na Louisiana.

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