São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 1996
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Social-democracia no Brasil é tema de estudo

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DA REPORTAGEM LOCAL

Os dois partidos políticos brasileiros que se auto-definem como filiados ao ideário social-democrata -o PDT e o PSDB-, além de terem visões diferentes do que é uma social-democracia, têm origem diversa dos partidos europeus que fundaram essa corrente.
"Os dois partidos não têm uma história com a qual se poderia fazer um paralelo com os partidos da social-democracia da Europa", afirma José Roberto Cabrera, 32.
O pesquisador acaba de defender a tese "Os caminhos da rosa: Um estudo sobre a social-democracia no Brasil", em que busca "traçar os principais elementos constitutivos da social-democracia, enquanto uma corrente política diferenciada".
Segundo Cabrera, os partidos social-democratas da Europa têm na sua origem uma base forte no operariado. "A origem no marxismo também é muito forte."
Para ele, em termos de classe social, "fica meio difusa" a base tanto do PDT como do PSDB.
A idéia da social-democracia é que o Estado deve criar uma rede de atendimento capaz de dar uma certa liberdade aos trabalhadores em relação ao mercado, como, por exemplo, do seguro desemprego, saúde pública e aposentadoria para o trabalhador independentemente de ter contribuído.
Para o PDT, a social-democracia no Brasil "só teria sucesso se certos entraves fossem superados", diz Cabrera. Estes entraves são, em geral, de ordem externa: dívida, diferenças tecnológicas, a questão da lei de Patentes, entre outras. "O que caracteriza o PDT é mais esse discurso nacionalista."
Já o PSDB, "um partido de história mais recente", cita muito nos textos analisados a dívida social. "Mas ele condiciona a superação disso ao desenvolvimento do setor privado", afirma Cabrera.
Nesse sentido, o PSDB "tem uma aproximação programática com o Collor, em seu primeiro ano de governo", diz.
A dissertação, de 189 páginas, além de traçar um histórico de cada um desses partidos, analisa o desenvolvimento dos chamados "welfare states" na Europa.

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