São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 1996
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Nóbrega volta em TV, CD, palco e Carnaval

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O comediante e músico pernambucano Antônio Nóbrega, 43, vai estar quinta e sexta próximos, ao meio-dia, em especial da Globo Nordeste, "Na Pancada do Ganzá", dirigido por Luís Fernando Carvalho.
Também na sexta, na praia de Boa Viagem, no Recife, ele abre o Carnaval com o bloco Na Pancada do Ganzá, recém-criado.
Na segunda semana de abril, em São Paulo, o show musical "Na Pancada do Ganzá", origem de tudo, volta ao teatro Brincante. Ao mesmo tempo, ele lança o CD "Na Pancada do Ganzá".
Antônio Nóbrega chegou ao fim de 1995, depois de quatro anos de carreira com seus dois últimos espetáculos teatrais, "Brincante" e "Segundas Estórias", prometendo a si mesmo que iria recuperar a carreira musical.
Ele é originalmente um músico, de estudo clássico do violino e com passagem histórica pelo Quinteto Armorial, nos anos 70. Para a volta, ele foi achar inspiração no paulista Mario de Andrade.
É com base na paixão -mais do que nos registros e estudos- de Mario de Andrade pela música do Norte e Nordeste, paixão surgida em duas longas viagens na década de 20, que Nóbrega ergueu o musical. Ele relata:
"O Mario de Andrade ficou tomado pelo universo dos artistas populares, pela música popular. Ele coletou, coligiu a música dos cocos, toadas, romances. Ele pensava reunir tudo isso numa obra chamada 'Na Pancada do Ganzá'.
"Era uma homenagem que ele fazia, entre os artistas, a um especialmente, chamado Chico Antônio, que é um coquista, que toca o coco, do Rio Grande do Norte. Ele ficou completamente extasiado com esse Chico Antônio, que cantava maravilhosamente bem. E se acompanhava do ganzá, que faz, tchic, tchic, tchic, tchic, tchic. A pancada do ganzá."
Na posterior edição, Mario de Andrade já morto, desapareceu o título genérico. O material foi editado de maneira esparsa, em obras de títulos científicos, como "Danças Dramáticas", "Música de Feitiçaria" etc.
Antônio Nóbrega, que tomou contato com as obras cerca de 15 anos atrás, guardou o título estes anos todos "para algum espetáculo". A seguir, ele dá detalhes dos quatro projetos que envolvem "Na Pancada do Ganzá":
NO PALCO E CD
No espetáculo, eu não apresento aqueles temas que Mario de Andrade colheu. Eu tomo como uma espécie de motivo, embora tenha uma das canções, por ter encontrado no Mario e nas minhas próprias andanças pelo Nordeste.
É um universo, com serestas, aquelas modinhas imperiais que ele publicou também, guarânias, choros. Faço até uma incursão pela obra de Bach, que é o primeiro movimento de um concerto para dois violinos, em que a gente toca o primeiro violino abrasileirado. A gente apresenta ele através do ritmo do choro, do frevo.
Junto com o espetáculo, eu vou fazer o lançamento também do CD, do registro musical. É quase todo o espetáculo.
NA AVENIDA
O Carlos da Fonte, que é o secretário-adjunto de Ariano, teve a idéia brilhante de transformar o espetáculo num bloco. Mas não podia ser um bloco que apresentasse um único gênero musical.
A gente vai fazer uma espécie de apresentação dos clássicos pernambucanos de Carnaval, tudo o que foi construído ao longo destes 80, 90 anos. Os frevos de rua, os frevos-canções, os maracatus. As músicas de Capiba, dos irmãos Valença. E, naturalmente, apresentando os novos, como Michilis, Getúlio Cavalcanti.
Eu vou estar com uma orquestra de frevo, de Mestre Formiga, em cima de um trio elétrico, e com um grupo chamado Cascabulho, que busca revitalizar o universo musical de Jackson do Pandeiro.
NA TELEVISÃO
"Na Pancada do Ganzá" é na verdade o quarto trabalho que eu faço com o Luís Fernando (Carvalho). Eu já fiz um especial, uns cinco anos atrás, "O Auto da Luz", Foi num dia de Natal.
Depois outro especial, para a Globo regional, "Folia Geral". Era uma viagem pelo universo escondido das agremiações carnavalescas de Pernambuco, no Carnaval de 94. Depois ele me convidou para fazer o último capítulo da novela "Renascer". E há pouco fiz "A Farsa da Boa Preguiça".
Agora, ele já estava em pré-montagem do "Rei do Gado", mas foi lá e foi uma correria. A gente se dá muito bem. Ele é carioca, mas tem uma certa filiação espiritual ao Nordeste, através, me parece, da mãe dele.

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