São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 1996
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Desserviço; Crianças e adolescentes; Luta pela água; Expressão indevida; Terras indígenas; Perseguição; Discussões inócuas; Concorrência asiática; PAS

Desserviço
"Pobre país que não se preocupa coma qualidade da educação formal. O Senado, ao eliminar a exigência de titulação dos docentes das universidades no projeto da LDB, presta um enorme desserviço ao desenvolvimento do país."
Newton Lima Neto, reitor da Universidade Federal de São Carlos -UFSCar (São Carlos, SP)

Crianças e adolescentes
"O reordenamento institucional preconizado na LOAS -Lei Orgânica da Assistência Social- e a municipalização dos serviços e atendimentos prestados às crianças e adolescentes consignados no ECA -Estatuto da Criança e do Adolescente- são urgentes. A informação prestada pela Folha em 5/2 com relação a 56% das verbas federais não-utilizadas em programas para a infância brasileira demonstram que apesar da nossa conquista recente do Estado de Direito e democracia, Brasília (Presidência, Ministérios e Congresso) concentra poder e recursos em demasia. O atual presidente e diversos ministros infelizmente pouco fazem para que os recursos da área social sejam devidamente municipalizados, aumentando a exclusão social neste país."
Luiz Antonio Ferretti, presidente do Condeca -Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (São Paulo, SP)

Luta pela água
"Parabenizamos esta Folha pela reportagem 'Água será estopim de guerras no século 21'. Alertamos que não (ainda) uma guerra, mas disputa de interesses entre usuários já se iniciou em nossa região, reconhecida como uma das mais críticas do Brasil."
João Moysés Abujadi, prefeito de Valinhos e presidente do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari (Valinhos, SP)

Expressão indevida
"Cumprimentos ao ombudsman pela campanha sobre a importância do tratamento correto dos números em jornalismo -parece que muitos jornalistas, embora alfabetizados, não são 'algarismados'. Mas eu gostaria de fazer um reparo à coluna do ombudsman de 4/2. Ao informar que a deputada Vanessa Felipe faltou a 6,1% das sessões -e não a 61%- o ombudsman complementa com uma avaliação de valor relativo: dez vezes menos. Matematicamente essa expressão é sem sentido. Em notação matemática ela seria escrita como '10 x -' o que, convenhamos, nada quer dizer. A expressão correta é que 6,1 é um décimo de 61. É verdade que já se pode encarar essa expressão como consagrada pelo uso, de tanto que os jornalistas recorrem a ela -no 'Jornal Nacional', então, é uma praga: não há reportagem sobre inflação em que ela não apareça. Mesmo assim, acho mais prudente evitar."
Oskar Klingl, chefe de gabinete do ministro de Estado da Ciência e Tecnologia (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Marcelo Leite - O leitor tem razão. Já abordei a questão em coluna anterior, quando prometi não mais usar a expressão. A força do hábito, no entanto, foi maior.

Terras indígenas
"Com referência à reportagem 'Decreto permite rever 153 áreas indígenas', publicada em 20/1, o Capoib faz restrições às informações. Na interpretação de advogados que há anos trabalham com a legislação indigenista, podemos afirmar com segurança que 344 áreas serão revistas com o novo decreto, e não 153. Consideramos que o ministro Jobim faltou com o respeito aos povos indígenas ao pedir que continuemos nas áreas 'caçando e pescando...'. Não há como ficarmos nas áreas com nossas terras sendo roubadas. A visão arcaica do ministro somente nos convence que nosso papel é continuar na luta pela garantia da nossa sobrevivência."
Antonio Pessoa Gomes, da Comissão Executiva do Capoib -Conselho de Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Brasil (Brasília, DF)

Perseguição
"A perseguição à Igreja Universal do Reino de Deus, sem precedentes na nossa história recente, parte até desta Folha, que praticamente não publica cartas de quem tenta defender a citada igreja. A maioria dos leitores não conhece a verdadeira Igreja Universal, ficando restritos apenas às avalanches de denúncias infundadas que circulam na mídia. Como antropóloga, destaco a moderna ação de cidadania que essa igreja pratica junto aos seus fiéis e a comunidade; como judia, desconheço igreja cristã que mais respeite e ame Israel e seu povo, ao contrário da Igreja 'Católica', que sempre julgando-se acima do bem e do mal mandou para a fogueira e para a morte milhares de judeus. Esse fato histórico, isso sim um escândalo brutal, os jornalistas da nossa imprensa, evidentemente 'católica', fazem questão de não lembrar."
Lana Freund (São Paulo, SP)

Discussões inócuas
"É constrangedor ver um jornal que se autoproclama o maior do hemisfério lançar mão das parcas linhas dedicadas à expressão do leitor ('Painel do Leitor') para mergulhar no provincianismo de fomentar discussões inócuas sobre os inócuos artigos do seu dono, Otavio Frias Filho. Esse senhor, herdeiro da Folha, foi praticamente obrigado por seu pai a virar jornalista (não tem formação jornalística, já que cursou direito no Largo de São Francisco) sendo, na adolescência, cupincha de Cláudio Abramo. Seu desejo real era ser um intelectual e, parece, ficou só no desejo. Já tentou ser um dramaturgo, chupou até onde não pôde mais o Harold Bloom e, para não passar totalmente despercebido, inventou a tal coluna onde despeja a sua mediocridade, travestida de infelicidade existencial, tão anacrônica em plenos 90. Com seu irmão, Luís, sucede-se o mesmo: queria ser cantor de rock, quando acorda é presidente da Folha. Se não fosse a astúcia e perspicácia do 'velho' Octavio, pai, não sei o que seria dessa Folha. O sr. Ives Gandra respondeu até delicadamente demais à arrogância do sr. Otavio Frias Filho. Um ponto aqui para o sr. Gandra: finalmente alguém, reconhecidamente inteligente, tem coragem de admitir publicamente que acredita no Deus verdadeiro. Não estou questionando nem as páginas e mais páginas da Ilustrada que vez por outra temos que engolir, na promoção de suas peças teatrais (com críticos da própria Folha, coitados, tendo que puxar o cordão de confetes para o patrão). Se este jornal é independente como prega, com a autorização do Frias Filho publiquem esta carta. Estou pagando para ver. O sr. Frias Filho precisa saber que existe vida útil no meio do universo de seus leitores, apesar de em suas investidas opinativas demonstrar o contrário."
Albérico Pereira (São Paulo, SP)

Concorrência asiática
"Com os países asiáticos abarrotando o mercado mundial com seus produtos com preço muito inferior aos seus congêneres ocidentais tornou-se impraticável a competição. Assim sendo, a grande tentação do empresário industrial brasileiro, e em especial o paulista, é aplicar seu dinheiro em atividade comercial, isto é, deixar de ser industrial para ser comerciante. O fato já se observa em Americana; de alguns anos para cá surgiram grandes lojas, varejões, supermercados e drogarias, mas as grandes indústrias estão naquelas que existiam há 20 anos."
Sebastião Gomes da Costa (Americana, SP)

PAS
"O Sesicom -Serviço Social da Indústria da Construção e do Mobiliário- sente-se honrado em congratular-se com o prefeito Paulo Maluf e seu secretário de Saúde, dr. Roberto Paulo Richter, ante a criação do PAS. O Sesicom, entidade de classe voltada para o atendimento médico-odontológico aos integrantes da construção e do mobiliário, sem quaisquer fins lucrativos, apóia e endossa a criação do PAS e de seus módulos pelos bairros da nossa São Paulo, cuja atividade inicial concentrou-se em Pirituba/Perus, para alegria daquela humilde população."
Alvaro Bovolenta, diretor administrativo do Sesicom -Serviço Social da Indústria da Construção e do Mobiliário (São Paulo, SP)

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