São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 1996
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De volta ao futuro

DE VOLTA AO FUTURO

A missão do Fundo Monetário Internacional que passou as últimas três semanas examinando as contas públicas argentinas volta hoje para Washington dando sinais claros de apoio ao Plano Cavallo.
Apesar de as metas fiscais não terem sido alcançadas, a missão viu o presidente Menem conseguir no Congresso superpoderes para agir nessa área. Viu o governo argentino firmemente empenhado em assegurar que a âncora fiscal da estabilização está sendo reforçada.
O Brasil não precisa do FMI, acumula reservas internacionais recorde, mas nem por isso a saúde das suas contas públicas deixa de ser motivo de preocupação nos mercados financeiros internacionais. E os dados divulgados nos últimos dias dão pouca margem a otimismo.
Um primeiro sintoma é o rombo de mais de R$ 2 bilhões registrado pelo Tesouro em janeiro. Discute-se ainda a necessidade de cortar investimentos no Orçamento deste ano (aliás, ainda não aprovado). Houve superestimativa da arrecadação de impostos. E os juros continuam altos, inflando as despesas financeiras do governo.
A inflação brasileira está baixa, mas não o suficiente para promover uma melhora no perfil da arrecadação de impostos. Ela vem evoluindo a uma taxa inferior à inflação. Ou seja, em termos reais o governo está arrecadando menos.
Ao mesmo tempo, a inflação é suficientemente alta para produzir, por conta dos reajustes de salários ocorridos desde o real, um aumento irreprimível de despesas.
A estabilização brasileira foi bem até aqui. Mas a fragilidade das contas públicas sugere que o caminho de volta para o futuro talvez seja mais difícil que o imaginado até agora. A Argentina está na frente.

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