São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 1996
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'Obras não teriam evitado acidentes'

FRANCISCO SANTOS; IRANI TEREZA
DA SUCURSAL DO RIO

O prefeito do Rio, César Maia (PFL), disse ontem que mesmo se todas as obras de contenção de encostas estivessem prontas não teriam evitado os acidentes nas favelas do Vidigal e da Rocinha (zona sul). Os acidentes causaram pelo menos dez mortes.
Segundo ele, o deslizamento no Vidigal ocorreu "em uma invasão nova", onde os moradores já estavam notificados que não poderiam ficar e que seriam removidos.
Na Rocinha, segundo Maia, o acidente se deveu à colocação pelos moradores de "lixo no caminho das águas".
A lixeira pública existente na Rocinha, sobre a entrada do túnel Dois Irmãos, é antiga.
Ao ser lembrado desse fato e de que a coleta de lixo é uma responsabilidade da prefeitura, Maia disse que "a prefeitura não pode, de dez em dez minutos, estar tirando das ruas e dos morros o lixo que a população, que às vezes não tem civilidade, despeja".
Maria Luiza Carlos, presidente de uma das três associações de moradores da Rocinha, concordou com o prefeito. Ela disse que o governo "até que faz bastante" pela favela.
Maria Carlos acrescentou que a população "é realmente um pouco indisciplinada e ocupa áreas de risco."
O prefeito do Rio chegou ontem de uma viagem aos Estados Unidos e, após sobrevoar as áreas atingidas pelas chuvas disse que "perto do volume que desabou, os estragos não foram grandes".
César Maia acrescentou que "o que aconteceu foi praticamente nada em comparação com chuvas anteriores".
À tarde, Maia disse que suas observações foram referentes à situação material da cidade, e não em relação às vítimas das chuvas.
César Maia disse que apenas na área do Itanhangá (zona sul), o deslizamento de terra foi "inesperado". Segundo o prefeito, a área não estava entre as que considerava de risco.
Jacarepaguá
Em relação à situação urbana, César Maia afirmou que o problema mais grave é o do bairro de Jacarepaguá (zona oeste) que, segundo ele, ficou totalmente desorganizado".
O prefeito afirmou que "até o Carnaval" a normalidade urbana estará restabelecida no Rio.
Maia se queixou da omissão do governo estadual e também do federal em relação ao problema do Rio, acrescentando depois que a prefeitura tinha condições de cuidar sozinha dos problemas.
(FS)

Colaborou IRANI TEREZA, free-lance para a Folha.

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