São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cláusula adia acordo com metalúrgicas

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A cláusula 15ª, a última do contrato coletivo com redução de encargos trabalhistas, está atrasando a adesão das metalúrgicas.
O problema é que o sindicato dos trabalhadores não quer assinar acordos com a cláusula, ao contrário dos patronais.
"Não assinaremos contratos com essa cláusula, apesar de ela estar no contrato geral assinado anteontem", diz Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
A cláusula -colocada na véspera da assinatura do acordo, por pressão dos sindicatos patronais- condiciona o cumprimento dos artigos considerados ilegais às mudanças na legislação.
Estes artigos mudam a forma de contribuição ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e à Previdência e isentam o recolhimento do salário-educação, e das contribuições ao Sebrae e ao Incra.
O contrato com a Aliança Metalúrgica foi assinado sem esta cláusula e pode sofrer ações na Justiça.
"Não dá para assinar um contrato que contraria a lei", diz José Roberto Cazeri, gerente-jurídico do Sinaees, o sindicato patronal ao qual a Helfont é filiada.
A Helfont anunciou anteontem a adesão ao acordo com a contratação de 50 pessoas. Mas ontem, a empresa não compareceu ao sindicato para assinar o contrato devido à divergência quanto à cláusula.
Ariovaldo Lunardi, coordenador da Comissão de Negociação do Grupo 19-3 da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, afirma que, sem a 15ª cláusula, todo o risco do acordo fica por conta da empresa.
Para Paulinho, que ontem se encontrou com o presidente Fernando Henrique, a negociação para legalizar o acordo continua.
"Dez empresas, com cerca de 500 novos empregos, devem anunciar sua adesão brevemente."
Para o sindicalista, se a Procuradoria Geral do Trabalho vetar o acordo, o sindicato vai arcar com as despesas para manter os 85 empregados da Aliança acampados em frente à Procuradoria.
Contra
Dirigentes dos sindicatos dos metalúrgicos de Araras e Piracicaba, interior de São Paulo, não aprovaram o acordo. Os três sindicatos são filiados à Força Sindical, assim como o sindicato paulista.
"O Paulinho está querendo aparecer", disse Edson Lelis dos Santos, 43, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Araras.

Colaborou a Folha Sudeste

Texto Anterior: BNDES decide priorizar emprego
Próximo Texto: Construtoras sugerem a redução dos direitos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.