São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 1996 |
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Fotos publicitárias dão pistas das novas tendências
ERIKA PALOMINO
Pegar estes trabalhos é tudo o que querem diretores de arte, fotógrafos em ascensão, modelos iniciantes e top maquiadores. Marcas como Jil Sander, Dolce & Gabbana, Gucci e Prada são tradicionalmente vistas como formadores de opinião fashion, líderes de estilo com campanhas de caráter "avant-garde". Mas chamar a atenção do público é missão para todos. Conseguido isso, consolida-se a imagem da marca, instalando o desejo da compra. Depois dos desfiles, são as campanhas que detonam o processo de vitimização dos fashion victims. Nesta temporada, outros destaques são Alberta Ferretti (para sua linha principal e para Philosophy); a versão mais suja e detonada da imagem do jeans Guess; o colorido trash da Instante e a tristona insolência da atriz Chloé Sevigny, de "Kids", para Miu Miu. Na frente das câmeras, as novas estrelas são as modelos Carolyn Murphy, que saiu do nada para receber US$ 750 mil pela Prada, e Guinevere, para Jil Sander. Amber Valetta também é favorita. Como denominador destas fotos, a valorização da personalidade da modelo e do estilo pessoal. Um pé no esquisito, atitude blasé, looks falsamente descuidados, cabelos desarrumados. Na maquiagem, ora o rosto é limpo, natural, ora os olhos ganham cores fortes. O movimento do corpo ganha conotação espontânea, o que de quando em quando resulta em fotos levemente desfocadas. Casos das páginas de Alberta Ferreti (com Shalom Harlow e Amber) e Dolce & Gabbana (com Linda Evangelista), ambas fotografadas por Steven Meisel. Falando nele, o talentoso norte-americano de chapéu preto e cabelo sebento continua imbatível. Mas novos como Juergen Teller e Craig McDean ganham terreno. Com direção do top Marc Ascoli, Teller faz cortes e enquadramentos inusitados (outra característica da nova onda) em Guinevere. Numa das fotos, ela aparece quase de costas, tirando a blusa. Para a marca italiana Anna Molinari Teller vai mais longe. Numa página, a modelo está de costas mesmo; noutra, apenas a imagem de um vaso sobre uma mesa. Outra pista: as novas campanhas avançam como nunca sobre os limites entre o institucional -trabalhando conceito e atitude- e o aspecto comercial -ter que mostrar a roupa. Interpretar estas imagens é mais que folhear revistas. É lição de casa para todo mundo que quiser viver a moda de seu tempo. Texto Anterior: CDs revivem carisma e inventividade do trompetista Clifford Brown Próximo Texto: Bomba! Virei ombudsman de genitália! Índice |
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