São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 1996
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Festival de Budapeste traz menos filmes

LEON CAKOFF
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE BUDAPESTE

Cai para a metade a produção anual de filmes húngaros. O festival em Budapeste apresentou 14 novos filmes rodados em película. Por razões econômicas, outros dez longas e mais 39 documentários foram produzidos em vídeo.
Mesmo assim, o prestígio do seu cinema continua inalterado. Dois filmes desta recente produção estão na seleção do festival de Berlim: "Bitches", de Ildikó Szabó e "Love Each Other", com episódios de Miklós Jancsó, Károly Makk e Pal Sándor.
Não é de prostitutas que trata o novo filme de Szabó. "Bitches" é sobre incertezas femininas e suas complicadas relações afetivas.
"Love Each Other" faz alegoria sobre a Hungria pós-comunismo, com mendigos, ladrões desajeitados e órfãos da ideologia marxista. Os dois filmes que estão na seleção de Berlim são exercícios de estilo sem compromissos com a narrativa convencional do cinema. Nenhuma ameaça ao predomínio do cinema americano.
A estreante Ibolya Fekete mostrou com "Bolshe Vita", um trocadilho com "La Dolce Vita", de Fellini, outra faceta caótica do pós-comunismo: a juventude russa emigrando para países do leste.
O melhor dos novos filmes húngaros foi "Szamba", do estreante Robert Koltai. O filme honra a tradição do cinema húngaro, crítico e irônico, ao narrar a tragetória de um anti-herói, um ator mambembe que vaga sem talento e deprimido.
O júri da semana húngara considerou Peter Gothár o diretor do melhor filme da seleção, pelo segundo ano consecutivo, com "Letgohang Vaska". Seu novo filme tripudia sobre os fantasmas do comunismo.
O melhor documentário húngaro do ano foi "Para falar sobre o indizível - A Mensagem de Elia Wiesel", de Elek Judit. Produzido com poucos recursos, em vídeo e com imagens de arquivo, o filme acabou conseguindo o que os outros queriam: um convite para a Quinzena dos Realizadores no próximo Festival de Cannes.

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