São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 1996
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A "banana" solenemente dada para a aposentadoria dos parlamentares pelo âncora do telejornal do SBT, Boris Casoy, resume num gesto uma indignação que a linguagem verbal, nos limites da civilidade, seria incapaz de expressar. Na página impressa, é o xingamento das histórias em quadrinhos que chega mais perto do sentimento que o privilégio inspira.
A reação da sociedade foi tão forte que conseguiu ao menos sensibilizar as lideranças, um pouco mais preocupadas com a imagem da instituição do que os congressistas comuns. Resta saber se a chamada "base" cederá.
São tantas as barbaridades cometidas em proveito próprio por muitos parlamentares que a expressão "república de bananas" ganha nesse contexto novo significado.
A previdência especial é um privilégio inaceitável, um abuso adquirido. Ela coloca em primeiro plano o interesse rasteiro de uma corporação já lamentavelmente caída em descrédito no Brasil; representa, ademais, um insuportável fator de risco para a saúde das instituições democráticas do país.
Mas nem tudo está perdido. A indignação com a absurda pretensão dos congressistas é avassaladora. Até a votação em primeiro turno, marcada para 6 de março, há tempo ainda para que os políticos brasileiros se dêem conta da barbaridade que ameaçam cometer.
A reforma previdenciária tem sido alvo de negociações talvez sem precedentes na história política brasileira, envolvendo concessões de centrais sindicais e de todas as partes. É inaceitável que o espírito de corpo dos parlamentares macule um processo que, mesmo timidamente, vem avançando.
A vingar o corporativismo, mais que bananas nossos políticos serão alvo de manifestações impublicáveis. E é bom que aprendam logo, de uma vez por todas, que legislar em causa própria é imoral.

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