São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 1996 |
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Governo afasta Bresser das negociações no Congresso
DANIEL BRAMATTI
A decisão é uma consequência da rede de intrigas que se desenha nos bastidores da comissão. A entrada de Santos em cena visa a tirar dos refletores o ministro Luiz Carlos Bresser Pereira (Administração e Reforma do Estado), que anteontem foi ao Congresso para negociar pessoalmente os prazos de votação da emenda. "Bresser poderá participar das negociações, mas por intermédio do líder do governo", disse o deputado Moreira Franco, que não participou da reunião em que os prazos foram discutidos. O ministro conversou apenas com os líderes dos partidos governistas e com o presidente da Câmara, deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA). Se Bresser realmente ficar à margem do processo, repetirá o papel do ministro Reinhold Stephanes na reforma da Previdência. A diferença é que Stephanes não quis negociar, pois não concordava com as propostas da Central Única dos Trabalhadores. O pedido de um interlocutor único no Congresso foi feito na manhã de ontem ao presidente Fernando Henrique Cardoso. "O presidente aceitou e me autorizou a anunciar isso", disse Moreira. Para o relator, o "excesso de interlocutores" foi uma das causas dos desencontros na negociação da reforma da Previdência. "Todos falavam em nome do governo", afirmou o deputado. A mesa de negociações também não deve ter espaço para o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, uma das personagens das negociações da reforma da Previdência. Moreira tem dado reiteradas declarações de que a reforma administrativa deve ser discutida no âmbito do Congresso, "para que o Legislativo não seja atropelado". Temendo a superexposição a que foi submetido o relator da Previdência, Euler Ribeiro (PMDB-AM), Moreira Franco também tem feito suspense em relação a seu relatório. A cautela foi considerada excessiva pelo PFL. Na semana passada, para forçar o relator a abrir o jogo, a cúpula do partido ameaçou boicotar seu parecer e votar proposta substitutiva preparada pelo deputado João Mellão (PFL-SP), presidente da comissão especial que analisa a reforma. Pressionado, Moreira se comprometeu a apresentar seu relatório aos líderes antes de submetê-lo ao plenário da comissão. O acordo foi selado na quarta-feira, no gabinete do líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE). Também participou da negociação o líder do PMDB, Michel Temer (SP), além de João Mellão. "Estava faltando diálogo. Não houve debates na comissão, e ficou uma incógnita em relação ao que o relator faria ou não", disse Mellão. Texto Anterior: O dinheiro da vida Próximo Texto: CRÔNICA DE UM CONFLITO ANUNCIADO Índice |
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