São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Ministro agora aceita negociar com a CUT
FERNANDO RODRIGUES
"Claro que tem de ter uma participação dos servidores na avaliação de desempenho", disse o ministro Bresser Pereira à Folha. A proposta foi apresentada pelo presidente da central, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho. "Eu acho que o funcionário que não cumpre o seu papel deve ser demitido. Mas tenho medo do arbítrio. A análise do desempenho tem de ser feita por uma comissão com participação ativa dos trabalhadores", disse o presidente da CUT à Folha anteontem. Demissões políticas Vicentinho teme que as trocas de governantes -prefeitos, governadores e presidente da República- possam provocar demissões injustificadas no funcionalismo público. Por isso, o presidente da CUT propõe regras rígidas para a demissão dos servidores. No caso de mau desempenho, Vicentinho quer uma avaliação objetiva, que não deixe margem para a dispensa por razões políticas. Bresser disse ter considerado a proposta aceitável. O ministro enviou ao Congresso Nacional um projeto de reforma administrativa que, entre outras coisas, acaba com a estabilidade do funcionalismo público. No início desta semana, Bresser disse que não havia "terreno comum" para negociar com a CUT. "Eu sou contra, e eles são a favor da estabilidade", disse. Agora, o ministro recuou de sua posição inicial e já pretende negociar com a central. "Conversei por telefone com o Vicentinho hoje (ontem)", afirmou Bresser. A última vez que o ministro tentara fazer um contato formal com a CUT havia sido em dezembro de 1994, dias antes de tomar posse no Ministério da Administração. Naquela época, por razões políticas, a CUT não aceitou um convite para conversar. Agora, Vicentinho afirma estar disposto a negociar com o governo. O ministro da Administração disse que defende a participação de servidores públicos no processo de avaliação de desempenho, "desde que não se envolva o sindicato no meio, pois não é representativo". "Acho que o melhor seria um processo no qual o funcionário se auto-avaliasse. Também poderia ser eleito um funcionário dentro de cada repartição para representar os outros no momento da avaliação", disse o ministro. Na conversa de ontem com Vicentinho, às 18h45, Bresser Pereira disse ter acertado um encontro com o presidente da CUT para daqui a uma semana. Texto Anterior: CRÔNICA DE UM CONFLITO ANUNCIADO Próximo Texto: PFL e PMDB disputam relatoria de comissão que analisará reeleição Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |