São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 1996
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Anúncio cria "guerra" de vaidades

LUCAS FIGUEIREDO

LUCAS FIGUEIREDO; VIVALDO DE SOUSA; LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Por trás do anúncio do superávit da balança comercial de janeiro, aconteceu uma guerra de vaidades entre os ministros Pedro Malan (Fazenda) e Dorothea Werneck (Indústria, Comércio e Turismo). Os dois queriam divulgar o resultado positivo anunciado ontem.
A pasta de Dorothea se preparava para divulgar a boa notícia, quando detectou uma estratégia da Fazenda para que o anúncio fosse feito pessoalmente por Malan, que está em viagem aos EUA.
O MICT (Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo) avaliou que os técnicos da Fazenda estariam retardando o repasse de informações com o objetivo de deixar para Malan o anúncio.
Tradicionalmente, o desempenho do país no comércio exterior é divulgado no MICT. Participam os secretários de Comércio Exterior do MICT, Maurício Cortes, e de Política Econômica da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros.
O MICT é responsável pelo resultado das exportações e a Receita Federal, ligada à Fazenda, pelas importações. Mas é a pasta de Dorothea que consolida os números.
Dorothea foi informada da manobra e exigiu da Fazenda a liberação dos números referentes às importações. Resultado: a Fazenda cedeu e a coletiva do anúncio da balança foi convocada às pressas, após às 20h de anteontem.
O MICT não teve tempo suficiente de preparar o calhamaço de 80 páginas, que, tradicionalmente, é entregue aos jornalistas.
A disputa fez com que o anúncio fosse feito de forma precária -os jornalistas receberam somente 10 folhas com o resultado.
No início da coletiva, Mendonça de Barros afirmou que Malan havia determinado a divulgação da balança daquela forma porque o ministro iria anunciar o resultado em palestra nos EUA, mas gostaria que a imprensa brasileira soubesse do resultado primeiro.
Pela primeira vez desde que participa do anúncio da balança, Mendonça de Barros não ficou até o final da coletiva, argumentando que tinha outro compromisso.
Veículos
Apenas 20 automóveis modelo 1996 foram importados pelo Brasil no mês passado. No total, entraram no país 3.300 veículos em janeiro. Com exceção dos modelos deste ano, os demais foram comprados no ano passado e aguardavam a tramitação da burocracia alfandegária para entrarem no país.

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