São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 1996
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SP faz Carnaval do merchandising

JACQUELINE LATTARI
DA REPORTAGEM LOCAL

O otimismo do Plano Real não chegou ao samba de São Paulo. Dirigentes de escolas afirmam que este é um Carnaval "difícil" e muitos tiveram de apelar para o patrocínio para colocar seus carros na avenida.
Em alguns casos a colaboração chegou em forma de material para confecção de carros ou fantasias, em outros foi dinheiro mesmo.
A Tom Maior, que subiu este ano para o Grupo Especial, é a escola que melhor representa o Carnaval do merchandising, pois tem o maior número de patrocinadores. Mas a escola caçula do grupo continua sendo uma das mais modestas a disputar o título.
A bateria da Tom Maior foi quem mais lucrou. Os instrumentos dos 280 ritmistas foram doados pela Delco Freedom, fabricante de baterias automotivas.
A Delco foi a empresa que mais investiu na Tom Maior. "Foram cerca de R$ 15 mil", afirmou Marko Antonio da Silva, presidente da escola. Os instrumentos, em contrapartida, irão para a avenida com o logotipo da empresa.
A AMS Informática colaborou na confecção de um carro alegórico. A Viwalux, empresa de tintas, forneceu tinta, massa-corrida e pincéis para os carros. Um deles sairá com seu logotipo.
A Paramount Lansul, fabricante das lãs Pinguim, doou linhas e agulhas para a ala das baianas, e patrocinou dois novelos gigantes estilizados para um carro alegórico. Tem tudo a ver, já que o enredo é "A vida por um fio". Ao todo, foram doados 500 novelos de lã e 320 pares de agulhas.
A Camisaria Damasco bancou a roupa da diretoria e da harmonia para o desfile. "É mais fácil conseguir material do que dinheiro. O retorno sempre é a publicidade da empresa na escola", disse Elizabeth P. Balnoni, assessora da presidência da Tom Maior.
A Unidos do Peruche conseguiu faturar um bom patrocínio "vendendo seu peixe" para a Lacta. O enredo da escola, "A cor do pecado", fala da origem do cacau. A alusão aos produtos da Lacta estará presente durante todo o desfile, principalmente nos carros alegóricos. Os componentes da escola vão distribuir chocolates para o público durante a passagem da Peruche pela pista do sambódromo.
Alais Valentini Fonseca, gerente de marketing da Lacta, disse que é a primeira vez que a empresa divulga sua imagem em uma escola de samba. "Em 1924 houve algo parecido, mas é a primeira participação desse porte no Carnaval", afirmou.
O valor do patrocínio é mantido em sigilo. A Folha apurou que ele é superior a R$ 150 mil.
A Antarctica está patrocinando em São Paulo a Rosas de Ouro e a Vai-Vai, duas das maiores escolas do Grupo Especial.
"Os empurradores dos carros na avenida vestem a camiseta com nosso logotipo e nós também fazemos merchandising nas quadras das duas escolas", afirmou o gerente de promoção nacional da Antarctica, Ricardo Peralta.
O valor do patrocínio é mantido em sigilo. O presidente da Vai-Vai, Solon Tadeu Pereira, disse que o valor é "fabuloso".

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