São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 1996
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Frota lidera pesadelo de baixarias na TV

Emissoras não sabem mostrar a festa

SÉRGIO DÁVILA
EDITOR-ADJUNTO DA ILUSTRADA

É na quinta-feira anterior ao Carnaval que, tradicionalmente, as TVs começam a mostrar as imagens. Aquelas imagens. Os bailes. O horror, o horror.
Neste ano, o pesadelo teve início no SBT. No programa "Perfil", era Alexandre Frota o "apresentador". De boné virado ao contrário e camisa escrita "bad boy", ele "entrevistava", na casa de espetáculos Tom Brasil (SP).
Só "gente bonita" e "famosa". Só alegria.
Ainda não existe Carnaval na TV. A principal festa popular do ano, o principal produto de exportação turística de pelo menos uma grande cidade continua sendo tratado como pouco mais que nada pelas grandes redes.
Foi pouco mais que nada o que se viu na Manchete, na mesma quinta-feira.
O ator Gerson Brenner comandava os trabalhos no Baile do Vermelho e Preto do Scala (RJ).
Com um microfone na mão e poucos neurônios na cabeça, ele circulava pelo salão à procura de mulher bonita -"baranga eu estou fora, mermão", avisava.
O câmera ajudava nos ângulos e closes improváveis. E aí acontece algo engraçado. Quinze minutos de programa depois, tamanha a profusão de carnes à mostra, o pornográfico perde o impacto que poderia ter, perde o apelo.
Uma imagem resumiu isso, no mesmo baile do Scala: quatro bundas, lado a lado, sem cara, sem voz, rebolando por minutos na tela, quase uma linha de montagem.
Ao mosaico de imagens se une a série de entrevistas. Diferentemente de uma pesquisa de opinião, porém, juntas, todas as declarações não querem dizer nada, não levam a conclusão alguma.
É a habitual profusão de "Sou carioca", "Sou modelo e atriz" (elas falam mesmo, não é folclore), "Estou adorando", "Com certeza", "Que maravilha isso aqui", "Ano que vem eu volto".
"Que tal ser garçom no Carnaval, mermão?", disparou Gerson Brenner, ainda no Scala. A resposta do fulano: "Porra, cara, é uma droga". Nos próximos quatro dias, ser telespectador não será muito diferente.

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